O governo de Israel acompanhou o encontro de Lula com o cantor Roger Waters. Mas, após sucessivos desentendimentos com o Itamaraty, preferiu não manifestar opinião contundente sobre a reunião ocorrida na segunda-feira (23/10), no Palácio do Planalto.
A coluna questionou o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, sobre eventuais constrangimentos que o encontro poderia trazer para a relação entre os países. Zonshine respondeu com uma fina ironia diplomática. “Cada um tem gostos musicais diferentes”, disse.
O embaixador não se furtou, contudo, a declarar que Waters tem “posicionamentos políticos antissemitas conhecidos”.
O fundador do Pink Floyd é acusado de antissemitismo desde que convocou um boicote cultural contra Israel. Defensor da causa palestina, Waters está há anos tentando convencer artistas a não se apresentarem no país. Caetano Veloso e Gilberto Gil foram alguns dos nomes que receberam — e ignoraram — cartas de Waters com essa motivação.
O Itamaraty chamou Zonshine para uma conversa, no último dia 18, e manifestou incômodo com as declarações que o diplomata fez sobre a atuação do Brasil no conflito entre Israel e Hamas. O embaixador também havia insinuado que o PT apoiava o Hamas.
Zonshine optou por contemporizar o ocorrido. “Não temos problemas com o governo brasileiro, temos diferenças de definições. As relações [entre os países] não mudaram. Nada assim ocorreu”, afirmou o diplomata. “Temos diferenças de opinião sobre o que é o Hamas. Ao nosso ver, o Hamas é um grupo terrorista e não existem outras definições ou palavras para serem usadas.”