A Polícia Federal (PF) mudou o protocolo na troca de informações com o governo de Israel e com o serviço secreto israelense, o Mossad. A partir de agora, a corporação passará a analisar de forma criteriosa, “caso a caso”, se aceitará pedido para cooperação em investigações.
Antes, o fluxo era considerado “orgânico”, com troca de informações constante e atuação conjunta em diferentes diligências.
Em conversa com integrantes da cúpula da PF, o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, foi enfático: “Cooperação precisa confiança, antes, durante e depois. Houve uma quebra. E, agora, avaliaremos caso a caso, se iremos ou não trocar informações”.
Antes do recente mal-estar entre Brasil e Israel, estava em curso uma série de parcerias entre os dois governos. Durante a gestão de Bolsonaro, a cooperação foi amplificada e culminou com a assinatura de um acordo internacional, avalizado pelo Congresso, para troca de informações nas áreas de “segurança pública, prevenção e combate ao crime organizado”.
PF Andrei Rodrigues, comandante da Polícia FederalAndrei Rodrigues, comandante da Polícia Federal olhando para frente
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues: corporação mudará postura em relação a Israel Reprodução
Benjamin Netanyahu
Benjamin Netanyahu expôs parceria entre Mossad e a PF brasileira Kena Betancur/Getty Images
04 November 2023, Lebanon, Beirut: Pro-Iranian Hezbollah militants chant slogans during the funeral procession of their comrade, who was killed in clashes against Israeli forces in south Lebanon. Fifty-eight Hezbollah fighters have been killed since 8 October in south Lebanon following the unprecedented Hamas attack against Israel. Photo: Marwan Naamani/dpa (Photo by Marwan Naamani/picture alliance via Getty Images)
Hezbollah em ação Marwan Naamani/dpa (Photo by Marwan Naamani/picture alliance via Getty Images
hezbollah
Apoiadores do Hezbollah Fadel Itani/NurPhoto via Getty Images
O recuo da PF ocorre após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, expor que o Mossad contribuiu na operação que levou à prisão, no Brasil, de homens suspeitos de ligação com o Hezbollah. E de o embaixador israelense, Daniel Zonshine, afirmar que “tem gente” em solo brasileiro que ajuda o grupo terrorista.
Na Polícia Federal, a avaliação é que Israel quis faturar politicamente com o episódio, uma vez que a divulgação da parceria não foi acordada em nenhum momento entre as partes. E que esse tipo de conduta inviabiliza cooperações estratégicas.