InícioNotíciasPolíticaMacron se diz contra acordo Mercosul-UE: “Contraditório e antiquado”

Macron se diz contra acordo Mercosul-UE: “Contraditório e antiquado”

Enviada especial a Dubai* – O presidente da França, Emmanuel Macron, reafirmou neste sábado (2/12) que é contra o acordo de livre comércio negociado entre os blocos Mercosul e União Europeia (UE). Segundo o líder europeu, o tratado é “antiquado” e “contraditório”, porque não condiz com as políticas ambientais defendidas pelo governo brasileiro.

O líder francês é uma das mais importantes vozes contra a ratificação do texto. Neste sábado (2/12), ele teve uma agenda bilateral com o presidente Lula, durante participação dos chefes de estado na Conferência das Nações Unidas para Mudança do Clima (COP28), em Dubai.

Horas depois, Macron teceu críticas à proposta em negociação, durante coletiva com a imprensa internacional reunida na conferência.

“Sou contra o acordo Mercosul-UE, porque acho que é completamente contraditório com o que ele [Lula] está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo, porque é um acordo que foi negociado há 20 anos, e que tentámos remendar, mas está mal remendado”, frisou.

Lula e Macron em Paris jun 2023

Lula e Macron Ricardo Stuckert/Secom

Lula alfineta Macron e diz que carta da União Europeia

Os dois presidentes se reuniram na COP28, em Dubai Corbis/Getty Images

French President Emmanuel Macron Visits Beijing

Macron é um dos líderes contra o acordo de livre-comércio entre Mercosul-UE VCG/Getty Images

Ele seguiu: “Adicionamos cláusulas no início para agradar a França, mas não é bom para ninguém, porque não posso pedir aos nossos agricultores, às nossas indústrias, na França e em toda a Europa, que façam esforços, que apliquem novas medidas para descarbonizar, para deixar certos produtos, para depois dizer: ‘Estou removendo todas as tarifas para trazer produtos que não aplicam essas regras’”.

Lula pretende fechar acordo UE-Mercosul até 7 de dezembro

O acordo de livre comércio entre os dois blocos está em negociação desde 1999 e foi assinado 20 anos depois, no início da gestão de Jair Bolsonaro (PL). Mas, ainda não foi ratificado e, portanto, não entrou em vigor.

Para que isso ocorra, o texto precisa ser aprovado por parlamentares de todos os países membros dos dois blocos econômicos, além de passar por procedimentos internos de ratificação. A França e a Holanda, por exemplo, tem se posicionado contra a proposta.

Avanço nas negociações Nas últimas semanas, lideranças dos dois blocos intensificaram as negociações na tentativa de chegar a um acordo até a próxima sexta-feira (7/12), data do encerramento da Presidência brasileira no grupo sul-americano.

Nessa sexta-feira (1º/12), Lula teve reuniões com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com o primeir0-ministro da Espanha, Pedro Sanchez. Após os encontros, o petista afirmou que eles estão “próximos de fechar o acordo”.

O governo federal acompanha com preocupação os efeitos que o presidente eleito na Argentina, Javier Milei, pode causar ao andamento das negociações após tomar posse, em 10 de dezembro. Milei é contra a integração da Argentina ao grupo e não há confirmação dele no evento do Mercosul, marcado para a próxima quinta-feira (7/12), no Rio de Janeiro.

*Repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

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