O Ministério da Saúde (MS) estima que o Brasil pode registrar, apenas em 2024, até 4,2 milhões de casos de dengue. Esse número estabeleceria um recorde de infectados pela doença na história do país. Apenas nestes dois primeiros meses do ano, a pasta contabiliza 395.103 casos prováveis.
“A estimativa do Ministério da Saúde é que a gente chegue a 4,2 milhões de casos. Nós nunca chegamos a esse número. Por isso, a preocupação e também pela pressão que isso pode acontecer no serviço de saúde”, explicou Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde.
“Nós estamos vendo uma antecipação dos casos que nós ainda não tínhamos visto nas últimas epidemias de dengue. Em geral, há um crescimento de casos no final de março e começo de abril. Nós começamos a ver o crescimento dos casos [neste ano] já em janeiro”, prosseguiu.
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A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente a morte Joao Paulo Burini/Getty Images
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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias Joao Paulo Burini/ Getty Images
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A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos Joao Paulo Burini/ Getty Images
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No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles. Ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes Bloomberg Creative Photos/ Getty Images
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Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos Guido Mieth/ Getty Images
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No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte Peter Bannan/ Getty Images
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Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue Piotr Marcinski / EyeEm/ Getty Images
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Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão Image Source/ Getty Images
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Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada Getty Images
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Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona para aliviar os sintomas Guido Mieth/ Getty Images
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Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas Getty Images
Vacinas contra a dengue A vacinação contra a dengue pelo SUS começou na última semana, mas será restrita devido à baixa quantidade de doses. Na primeira remessa, foram distribuídas 752.184 doses (confira a distribuição por município abaixo). O Ministério da Saúde afirmou que espera fazer a cobertura total da vacina contra a dengue nos 521 municípios, do público-alvo (crianças de 10 a 11 anos), até fim de março.
Para a secretária, o início da campanha de vacinação contra a doença é “uma vitória da ciência”. “Nós, que trabalhamos com a doenças infecciosas, estamos celebrando muito esse dia, com a primeira dose da vacina em um sistema público do mundo”, afirmou.
Ethel Maciel reforça que o cronograma deve ser seguido à risca devido ao número de doses, que, segundo ela, são “contadas”. “Porque se fizermos qualquer coisa fora do que está planejado, isso pode causar um problema em toda nossa operação”.
Além de ter uma população acima de 100 mil habitantes, um dos critérios para definir a prioridade dos municípios — que vão receber um número maior de doses e têm prioridade na lista — foi a elevada circulação do sorotipo 2, capaz de causar doença mais grave.
O primeiro lote já foi enviado ao Distrito Federal e Goiás, nessa quinta-feira (8/2). Nesta sexta (9/2), a capital federal iniciou a campanha de vacinação entre pessoas do grupo prioritário.
De acordo com o ministério, também haverá remessas para municípios da Bahia, Acre, Paraíba, Acre, Paraíba, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Amazonas, São Paulo e Maranhão. O envio para os demais está previsto para acontecer nos próximos dias.