Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid 03 de maio de 2024 | 19:30
Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou ter se arrependido do “desabafo” que fez ao dizer, em áudios vazados à imprensa, que o inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado é uma “narrativa pronta”. O relato foi feito pelo advogado Cézar Bitencourt, que faz a defesa de Mauro Cid, em coletiva nesta sexta-feira, 3, após o militar ser solto.
“Nós já tivemos uma conversa de cara. Ele [Mauro Cid] mesmo [disse]: ‘Pisei na bola’. É lógico que pisou, né?! É um sujeito inteligente. Outra coisa: o celular é o mundo, um universo, ninguém controla. Então, se você não se controlar… Com certeza ele agora não vai cometer o mesmo erro”, relatou Bitencourt.
Cid estava preso preventivamente desde 22 de março após virem a público áudios em que ele insinua ter sido pressionado a confirmar uma “narrativa pronta” na colaboração. Nas gravações, publicadas pela Revista Veja, o militar também diz que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes já tem a sentença dos investigados.
“No momento de stress… Cid é um homem inteligente, um dos mais preparados, mas também é um ser humano. Tem pressão, vê os outros indo embora. Imagino que foi numa circunstância mais ou menos assim que ele falou com um amigo, desabafou para ele”, relatou o advogado.
Ao ser preso, após uma oitiva com um juiz do gabinete de Moraes, Cid desmaiou. Segundo o advogado, sua pressão chegou a cinco, um nível muito abaixo do normal.
Bitencourt indicou também que os áudios de Cid vazaram após o militar desabafar para um amigo. Ele não confirmou, contudo, quem seria essa pessoa. “Cid não sabe quem é. Ele tem três ou quatro amigos mais próximos, da carreira dele. E algum deles, um ou outro desse aí, ligou para um ou outro, que também tem seus amigos, e chegou onde não deveria chegar”, relatou.
A decisão de Moraes que libertou Cid mantém as medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica, como também assegura a validade de sua delação premiada.
“Consideradas as informações prestadas em audiência nesta Suprema Corte, bem como os elementos de prova obtidos a partir da realização de busca e apreensão, não se verifica a existência de qualquer óbice à manutenção do acordo de colaboração premiada nestes autos, reafirmadas, mais uma vez, a regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal e a voluntariedade da manifestação de vontade”, escreveu o ministro.
Além de usar tornozeleira eletrônica, Cid está proibido de sair da residência dele a partir das 18 horas e nos finais de semana, deverá se apresentar à Justiça todas as segundas-feiras e não poderá usar redes sociais, nem se comunicar com outros investigados.
Tácio Lorran/Estadão