O TikTok foi lançado no ano de 2016 por uma empresa chinesa chamada ByteDance, mas foi popularizado apenas em 2019. Em 2020, com a pandemia e a necessidade de ficarmos em casa para nos protegermos, a rede ganhou de vez a Geração Z (nascidos a partir de 1995) e as famosas dancinhas conquistaram o público.
Diferente das redes sociais como Instagram, Facebook e Twitter, o TikTok começou com a proposta de vídeos curtos, com duração de até 60 segundos, que logo foi implementado em outras plataformas, como a criação do Instagram Reels e do YouTube Shorts.
As dancinhas da rede vizinha (como ficou conhecido o TikTok por conta da rivalidade com o Instagram) foram conquistando mais espaço, mexendo com o mundo da música e o marketing musical.
Os artistas musicais – compositores, cantores, dançarinos, entre outros – começaram a enxergar a necessidade de criar composições, melodias e danças que conquistassem o público do TikTok. Afinal, quando sua música viraliza na plataforma, a probabilidade de alcançar os topos das paradas musicais é maior. Com isso, a dinâmica do marketing musical mudou e cresceu a necessidade de engajar na rede vizinha.
Como consequência disso, ao ganhar maior notoriedade no TikTok, o mesmo ocorrerá nas outras redes sociais, como Instagram Reels, Facebook Reels e YouTube Shorts, além de ocupar as principais playlists dos streamings musicais, como Spotify, Deezer, Amazon Music e YouTube Music.
Como exemplo disso, temos a música Na Rebolada, do DJ Zullu em parceria com Os Quebradeiras, Machadez e Mousik, que, em 2022, viralizou na rede vizinha e conquistou mais de 6 milhões de reproduções no Spotify em pouco mais de um mês.
E um caso mais recente é a canção Casca de Bala, de Thullio Milionário, que estreou em 79º lugar no Billboard Brasil Hot 100 e em uma semana saltou para a posição 27º devido ao sucesso no TikTok.
Mas, o TikTok é só dancinha? Apesar de ter ficado famoso por causa das dancinhas, o perfil da plataforma começou a mudar em 2021, com o aumento do tempo dos vídeos para 3 minutos e, em 2022, para 10 minutos.
Diversos criadores de conteúdo foram além daquilo que bombou a rede da ByteDance entre 2019 e 2020, e começaram a publicar outros modelos de conteúdo, como resenhas rápidas de livros; comentários sobre séries e filmes; profissionais relatando casos vividos na rotina do trabalho; médicos contando histórias de consultório; dicas sobre saúde mental, nutrição e dermatologia; histórias pessoais vividas em família e em relacionamentos; entre outros assuntos que vão além das dancinhas.
As marcas também passaram a investir na rede vizinha com anúncios, campanhas de ativação e por meio do marketing de influência estabelecendo parcerias com os criadores de conteúdo.
Esses perfis passaram a inserir os produtos recebidos pelas empresas na rotina diária, como é o caso da Manuela Cit, que possui 1,6 milhão de seguidores, é influenciadora de lifestyle e “Gymtok” (uma mistura das palavras academia em inglês e TikTok) e usa as roupas da LIVE! e da Adidas nos treinos.
Esse investimento tem aumentado cada vez mais, já que uma pesquisa divulgada pela influency.me, no fim de 2023, mostrou que 66% das marcas preferem fazer campanhas nessa rede, quase o dobro da porcentagem de 2022, que chegava a 35,6%.
Além disso, engana-se quem acredita que o TikTok é composto somente pela Geração Z (aproximadamente entre 12 e 28 anos).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 30 milhões de jovens pertencentes à geração em nosso país. No entanto, o DataReportal divulgou que a rede conta com mais de 82 milhões de brasileiros, maiores de 18 anos, cadastrados.
A rede vizinha tem um número expressivo de pessoas conectadas consumindo conteúdo, assim como de criadores de conteúdo.
Os influenciadores e marcas, que postam regularmente, observam um crescimento mais rápido, tanto que um levantamento da influency.me compartilhou que 27% dos influenciadores citaram a plataforma como um dos melhores modelos de monetização.
No entanto, isso torna a grama do TikTok melhor que a do Instagram? O Instagram Reels colocou a rede do Mark Zuckerberg na era TikTok, no entanto, as propostas das duas redes seguem caminhos diferentes. O Instagram permite diversos formatos, como fotos, carrosséis, vídeos, stories, criação de canais de transmissão, integração com o WhatsApp e o Facebook, dando abrangência para campanhas de marketing focadas nesse tipo de divulgação.
Enquanto o TikTok, apesar de ter stories e ser possível compartilhar fotos e carrosséis, não é o que chama mais atenção por lá, sendo o foco principal da plataforma os vídeos em formatos curtos.
Não adianta transformar o Instagram em TikTok e postar somente vídeos, porque o público não está ali para ver somente isso. A mesma premissa vale para a rede vizinha.
Quando desmistificamos que o TikTok não é somente sobre dancinhas, conseguimos aprofundar o entendimento da plataforma da ByteDance, entendendo como conversar com o público dessa rede social e distinguir o que faz sentido estar lá e o que faz sentido estar no Instagram.
No fim, não é sobre a grama da rede vizinha ser melhor, mas sim sobre planejamento estratégico adequado a cada rede social, de acordo com o que faz sentido para a marca e/ou influenciador.
Não é preciso dançar para estar no TikTok, mas, de acordo com o seu público e o seu conteúdo, tudo que você precisa é de um bom planejamento de marketing e um celular.
Karolen Passos é analista de conteúdo e marketing na Braun Comunicação Integrada.