Ao longo dos seus 67 meses como presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto evidencia um claro favorecimento à direita conservadora. O blog já mostrou, em 2023, que a agenda do banqueiro priorizava encontros com congressistas do PL e do PP, tornando-o um conselheiro informal do Centrão.
Agora, uma nova análise feita pela cientista política Ana Junqueira mostra que o indicado por Jair Bolsonaro (PL) encontrou-se com o ex-presidente 52 vezes, ao longo de 48 meses. Com o presidente Lula (PT), em 19 meses, apenas uma vez.
O encontro com Lula ocorreu em 27 de setembro de 2023, por intermédio de Fernando Haddad (Fazenda) e a pedido de Campos Neto — um dia depois de o blog mostrar a série de compromissos com o Centrão.
Na época, Campos Neto dava conselhos sobre política monetária a deputados e senadores e conversava com os congressistas sobre o limite para as taxas de juros no crédito rotativo, que era contra.
Atualmente, segundo análise de Junqueira, Campos Neto tem se encontrado com senadores com poder de decisão e influência sobre a PEC 65, que amplia a autonomia do Banco Central ao torná-lo independente também para gerir seus próprios recursos, contratar pessoal e definir planos de carreiras e salários.
Campos Neto encontrou-se com os senadores:
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado; Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do Progressistas; Carlos Portinho (PL-RJ), líder do PL no Senado e; Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), duas vezes, signatário da PEC e presidente da CCJ. Em junho, o blog mostrou que o presidente do BC tem atuado para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição, tendo-o como o principal interessado na aprovação. O governo Lula é contra.