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Se não sabe o que fazer, o melhor é que não faça nada

Conhecido como Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, fundado em abril de 1821 por dom João VI, à época rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, acumula conhecimentos para oferecer soluções para tudo ou quase tudo.

Para o que comprovadamente tem solução testada com êxito em episódios semelhantes do passado, e para o que não tem solução à vista, e nesse caso o melhor é nada fazer e dar tempo ao tempo. Por sua vez, Lula é o único brasileiro a governar o país três vezes.

Diz a lenda que o ex-presidente José Sarney, diante de problemas intrincados, costumava repetir:

“Cinquenta por cento dos problemas não têm solução, os outros cinquenta por cento se resolvem sozinhos”.

Uma boa tirada, nada mais do que isso. Marco Maciel, ministro do governo Sarney, valia-se de outra. Dizia:

“Quem tem prazo não tem pressa”.

É com base no que ensinou Maciel que Lula age em face à crise política que ameaça incendiar a Venezuela desde a eleição que hoje completa duas semanas. Nicolás Maduro, derrotado, nega-se a aceitar que perdeu e insiste em permanecer onde está, mas não só.

Apoiado pelos militares, Maduro usa a Polícia Nacional para reprimir manifestações de rua e prender líderes de oposição em suas casas. Muitos deles estão sendo obrigados a se esconder. A embaixada da Argentina em Caracas está cheia de refugiados.

O Brasil ainda não reconheceu o resultado da eleição venezuelana, e limita-se a cobrar a apresentação das atas com o número de votos depositados em cada urna. Maduro ou o seu sucessor deverá tomar posse em janeiro próximo, como manda a lei.

Lula tem cerca de cinco meses pela frente para dar tratos à bola sobre o que fazer. Brasil e Venezuela compartilham 2.199,0 km de fronteiras molhadas e enxutas. Organismos internacionais estimam que 5 milhões de venezuelanos já deixaram seu país.

Pelo menos algo como quase 200 mil procuraram abrigo no Brasil. A depender de como evolua a crise na Venezuela, Lula teme uma nova onda de migração para o Brasil de venezuelanos à procura de comida, moradia e emprego. Não é seu único temor.

A Venezuela vende energia ao Brasil para iluminar Roraima. E se Maduro suspender a venda para retaliar alguma posição mais afoita do Brasil em relação à crise no seu país? A energia comprada à Venezuela sai mais barata do que a gerada aqui.

Portanto, crise que segue, indefinição que segue, vida que segue.

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