Em mais uma ofensiva contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Daniel Ortega chamou de traição a postura do presidente do Brasil em relação à crise na Venezuela. A fala do líder de Nicarágua aconteceu nesta segunda-feira (26/8), durante a 11ª cúpula de chefes de Estado da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba-TCP).
Ortega afirmou que a maioria dos latino-americanos “está com Nicolás Maduro”, menos alguns governos “traidores” que “se apresentam como progressistas, como a administração Lula”, que contesta a vitória do líder chavista e já chegou a falar em novas eleições na Venezuela.
“A forma como Lula se comportou diante da vitória do legítimo presidente da Venezuela foi vergonhosa, vergonhosa, repetindo os slogans dos ianques [EUA], dos europeus e dos governos rebaixados da América Latina”, declarou Ortega. “Você também está se rebaixando, Lula”.
Além de Lula, Ortega também atacou o presidente da Colômbia, Gustavo Petro. O líder colombiano tem trabalhando com o governo brasileiro em busca de uma solução para a crise na Venezuela, desencadeada após a Justiça eleitoral do país declarar vitória de Maduro, e cobra transparência do pleito.
“Ao Petro, o que posso dizer ao Petro… Coitado do Petro”, afirmou. “Já vejo Petro competindo com o Lula para ver quem vai ser o líder, quem vai representar os ianques na América Latina”, disse Ortega.
O presidente de Nicarágua disse que a pressão internacional contra a vitória de Maduro pode desencadear uma guerra na Venezuela, “orquestrada pelos Estados Unidos”. Por isso, ele ofereceu soldados sandinistas para enfrentar os possíveis inimigos externos do chavismo.
“Não descartem eles [os EUA] organizarem uma contrarrevolução armada, como a que organizaram contra nós em 1979/1980”, afirmou Ortega. “Tenho certeza de que se isso acontecer, eles [o regime chavista] terão combatentes sandinistas acompanhando-os nessa batalha”, declarou.
Relação tensa A nova ofensiva de Daniel Ortega contra Lula surge dias após a diplomacia da Nicarágua expulsar o embaixador brasileiro no país, Breno de Souza Brasil Dias da Costa.
Segundo o governo sandinista, a decisão aconteceu após o diplomata não comparecer no evento que comemorou os 45 da revolução no país, que derrubou a ditadura da família Somoza.
Um dias depois, o governo brasileiro adotou a reciprocidade e também expulsou a embaixadora de Nicarágua no Brasil, Fulvia Patricia Castro Matus.