A Justiça argentina acusou, nesta semana, a médica brasileira Juliana Magalhães Mourão no caso da morte da modelo baiana Emmily Rodrigues Gomes, que caiu do sexto andar de um apartamento em Buenos Aires, no dia 30 de março de 2023.
A acusação, apresentada durante uma audiência no tribunal da capital argentina, aponta que a médica teria abandonado a amiga em vez de prestar socorro, principalmente em função de sua formação profissional.
Juliana Mourão era tratada como testemunha no caso, que envolveu a queda fatal de Emmily de uma altura de 21,5 metros. No entanto, agora, a médica brasileira passou a ser alvo de um processo, ao lado do empresário argentino Francisco Sáenz Valiente, dono do apartamento onde ocorreu o incidente e também suspeito de ser responsável pela morte.
A defesa da família de Emmily Gomes, representada pela advogada Raquel Hermida, acusou tanto Sáenz Valiente quanto Juliana Mourão de serem os responsáveis pelo crime.
“Durante todo o processo, a defesa evidenciou uma obsessão por manter Juliana como testemunha porque era a única defesa de Sáenz Valiente. Juliana tinha uma relação estável de amante do empresário. Era a única na qual ele confiava. O indiciamento rompe a estratégia da defesa e permite apontarmos para a nossa convicção de que a morte de Emmily foi um homicídio entre duas pessoas. Juliana não foi cúmplice nem encobriu. Foi coautora,” explicou Hermida.
A médica será interrogada em 4 de dezembro, e a Promotoria argentina limita sua acusação a abandono de pessoa. No entanto, a defesa da família de Emmily considera que o caso envolve ainda mais crimes.
“O caso de Juliana seria feminicídio e abuso sexual. Procuramos isso. Porém, mesmo se condenada por abandono de pessoa, uma médica pode perder o direito de exercer a profissão,” disse Raquel Hermida à RFI.