Em janeiro último, 45% dos eleitores brasileiros aprovavam o governo Bolsonaro. Agora, 57%. Bolsonaro começa a recuperar parte dos que votaram nele há 4 anos. Lula ainda tem chances de se eleger no primeiro turno, mas menos do que tinha há um mês.
Os dados são da mais recente pesquisa do Instituto Quaest que ouviu 2.000 pessoas com mais de 16 anos entre os dias 28 e 31 de julho, em entrevistas nas casas dos eleitores em 27 estados. É a 14ª rodada de pesquisas da Quaest desde julho de 2021.
Bolsonaro não precisa de programa de governo, coisa que por sinal ele nunca teve, porque é dono da caneta mais carregada de tinta da República e a usa sem o menor escrúpulo para ser reeleito. Lula precisa dizer com urgência ao distinto público o que fará se vencer.
Na série “Santa Evita”, disponível no Star+, à beira da morte, Eva Peron pede ao seu marido Juan que continue fazendo tudo o que possa pelos pobres porque eles são os eleitores mais fiéis. Podem ser fiéis, sim, na Argentina ou aqui, mas são também pragmáticos.
O pacote de bondades desembrulhado pelo governo beneficiará 19 milhões de famílias, algo como 66 milhões de pessoas, nem todos eleitores. Neste universo, a intenção de voto em Lula caiu de 62% para 52%. E o dinheiro só começará a ser pago no dia 9.
A avaliação negativa do governo recuou ao menor nível desde 2021. A percepção de que a economia é o principal problema diminuiu de 44% para 40%. Entre os que ganham até dois salários mínimos, Lula perdeu 3 pontos e Bolsonaro subiu 3 em um mês.
Entre os jovens, onde imperava soberano, Lula despencou de 53% para 44%, mesmo depois do anúncio do apoio da cantora Anitta, recordista mundial de seguidores nas redes sociais. Em sentido contrário, Bolsonaro avançou seis posições (de 25% a 31%).
Entre os mais ricos, a vantagem de Bolsonaro sobre Lula passou de 4% para 13%. Hoje, a diferença pró-Bolsonaro no meio evangélico chega a 19%. Era de 14%. Neste fim de semana, Bolsonaro irá ao Recife para mais uma Marcha com Jesus levando Michelle.
“O segundo turno, que é o que está em discussão no momento, só vai acontecer se o Bolsonaro tirar votos do Lula”, observa Felipe Nunes, diretor da Quaest. “O voto é um recurso escasso, e todo mundo está muito próximo do teto. Eles têm que brigar entre si”.
Segundo Nunes, a queda da rejeição demora para refletir nas intenções de voto: “As pessoas estão muito desconfiadas com o governo e as declarações do presidente também não ajudam para que essa movimentação aconteça nas intenções de voto”.
Não há espaço para candidato de terceira via. Nas últimas três rodadas da pesquisa, Ciro Gomes (PDT) perdeu um ponto. Se na próxima cair mais um ponto, terá perdido metade da intenção em voto estimulado. Lula é quem tem atraído esses votos.
O antibolsonarismo segue maior do que o antipetismo. “Do que você tem mais medo?”, perguntou a Quaest. Respostas dos entrevistados: do bolsonarismo (48%), do petismo (38%).
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