InícioEditorialAnitta bota dedo na ferida no RiR: Ludmilla não pode aceitar pouco

Anitta bota dedo na ferida no RiR: Ludmilla não pode aceitar pouco

Anitta causou bastante polêmica nesta segunda-feira (12/9) ao comentar sobre o Rock in Rio deste ano através de suas redes sociais. Muitos apontaram indiretas a Ludmilla, mas o que este texto abordará é o motivo que faz a cantora se recusar a se apresentar em outras edições do festival: a diferença de tratamento entre artistas brasileiros e estrangeiros. 

“É como se estivessem fazendo um grande favor por colocar a gente lá e a gente que se humilhe a qualquer condição deles pra dar tudo certo pros estrangeiros. Meu papel eu cumpri e estou feliz pelo fato de que eles tiveram que engolir o funk no fim das contas”, alfinetou Anitta. 

A verdade é que o Rock in Rio nunca se interessou em elevar a música brasileira, em especial os estilos que vem da periferia como é o caso do funk e do rap, e só se prestou a colocar eles no Palco Mundo do festival apenas uma vez, justamente com Anitta em 2019. Para a organização do festival interessa mais o que Ipanema e Leblon estão ouvindo do que o Brasil sem voz. Mas a internet mudou tudo e deu voz a todos. 

A participação de Anitta no Palco Mundo no festival em 2019 só se deu a muito custo e pressão de fãs nas redes sociais. Com a não participação de Anitta na edição deste ano, se esperava que Ludmilla subiria ao principal palco do festival. No entanto, a funkeira, pagodeira e popstar acabou selecionada para o Sunset, o palco secundário. 

O show feito por Ludmilla foi histórico, talvez o melhor de todo o festival, mas a pergunta que fica é: por que não subiu ao Palco Mundo? O festival teve a oportunidade de corrigir o erro de não tê-la escalado como uma das principais atrações assim que o grupo de rap norte americano Migos cancelou a apresentação que fariam no mesmo dia de Justin Bieber. No entanto, quem acabou sendo chamada para substituir foi a banda de pop rock Jota Quest, que mesmo com a brilhante carreira, em nada tinha a ver com os fãs presentes no festival naquele dia. 

Até quando pôde corrigir o próprio erro, o festival preferiu deixar a música de periferia fora do Palco Mundo. O Rock In Rio foi capaz de criar o Espaço Favela, de encontrar as combinações mais bizarras para colocar os nomes do rap e do funk no Sunset, mas é incapaz de aceitá-los no Palco Mundo do festival. 

Sem falar de alguns dos artistas internacionais que mesmo sem nem chegar perto em tamanho e relevância aos brasileiros, em suas primeiras participações no festival já subiram ao principal espaço do festival. É o caso de Rita Ora, que teve de chamar Pabllo Vittar, outra que sempre faz participações esporádicas em shows de terceiros e patrocinadores, mas que nunca foi convidada pelo festival para apresentação própria. Em 2017, Pabllo subiu ao palco Mundo a convite de Fergie e neste ano, ao lado de Rita Ora. Em ambas aparições o público do festival foi à loucura. Ainda assim, não foi o suficiente para o festival convidá-la para um show próprio, nem no Sunset. 

Vale também reforçar a crítica a própria Ludmilla. Poucos artistas conseguem agradar a tantos públicos diferentes, como é o caso da Rainha da Favela. Gosta de funk? Ludmilla canta. Gosta de pop? Ludmilla também sabe fazer. Gosta de pagode? Numanice é um prato cheio. A cantora investiu mais de R$ 2 milhões para fazer o histórico show, mas foi incapaz de lutar por algo que deveria ser básico para aceitar qualquer tipo de participação no festival, seu lugar era o Palco Mundo. 

E não é que Ludmilla não tenha histórico de lutar pelo o que é seu por direito. Em 2021, a cantora se recusou a se apresentar no Prêmio Multishow após não ter sido indicada a categoria de melhor cantora. No entanto, quando chegou a vez de questionar o Rock in Rio pelo fato de não subir ao palco principal, Ludmilla se calou e preferiu investir milhões em show feito em um espaço que não reflete seu tamanho. 

“E se o Rock in Rio rejeitasse o show caso o palco Sunset fosse uma imposição?”. Paciência, quem perderia uma das maiores artistas da música brasileira na década seria a organização do festival que teria de encontrar um nome que nem chegaria perto de Ludmilla. A verdade é que essa crítica não vale a só a Rainha da Favela, e sim a todo mercado do funk e do rap nacional. Enquanto não houver um boicote, a família Medina seguirá escanteando os principais nomes em palcos secundários só para agradar críticos. 

Pode parecer absurdo, mas quem perde mais sem shows de artistas como Ludmilla e Anitta no festival é o próprio Rock in Rio. Mas, no fim das contas, sempre tem um gringo sem graça para colocar no lugar, não é mesmo? 

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