O verão de 2024 promete ser extremamente quente e desafiador para o Brasil. De acordo com o XAIDA (‘eXtreme events: Artificial Intelligence for Detection and Attribution), um consórcio formado por 16 centros de pesquisa climática europeus, o Atlântico Sul apresenta uma anomalia de elevação de temperatura quatro vezes maior do que a variação natural. Esse aquecimento é resultado das mudanças climáticas e não pode ser explicado apenas pelo fenômeno El Niño. A tendência é que o calor se intensifique até março, trazendo consequências preocupantes para o Hemisfério Sul. “O grande aquecimento dos oceanos observado desde o ano passado é resultado de mudanças climáticas. O El Niño sozinho não explica o que vivemos. E 2024 já começou fervendo. Infelizmente, com esse cenário, o Hemisfério Sul vai arder neste verão, que mal começou”, disse Regina Rodrigues, coordenadora do grupo que estuda o Atlântico e suas ondas de calor na Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Em dezembro, a temperatura do Atlântico Sul esteve entre 2 e 3 graus Celsius acima da média, e essa condição persiste em janeiro. Esse aquecimento excessivo pode causar desequilíbrios tanto no mar quanto na terra, representando um perigo para o ecossistema. No ano passado, o Atlântico Norte foi o destaque, com águas de até 38ºC e tempestades intensas. No entanto, neste verão, é no Hemisfério Sul que as coisas vão pegar fogo. Além do aquecimento global, a radiação solar intensifica-se durante essa estação, o que contribui para o aumento da temperatura do Atlântico Sul. A previsão é que o pico de calor ocorra em março, devido à inércia térmica da água. Apesar disso, a cientista Regina Rodrigues menciona que janeiro ainda pode trazer algum alívio, graças às monções, que são canais de umidade provenientes das zonas de convergência intertropical e do Atlântico Sul.
Em fevereiro, a tendência é que o clima fique mais seco e quente, com condições de calor ainda mais extremas. As chuvas, quando ocorrerem, podem ser devastadoras, pois estarão concentradas e encontrarão solo seco e rachado, favorecendo as enxurradas. A Agência de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) prevê que o Atlântico Tropical continuará apresentando condições propícias para ondas de calor marinhas até junho de 2024, principalmente na região ao norte da linha do equador, o que pode influenciar o clima da Amazônia. Diante desse cenário, é importante que medidas de prevenção e adaptação sejam tomadas para minimizar os impactos dessa situação climática desafiadora.