A passagem de um ciclone extratropical pelo Sul e Sudeste do Brasil nesta quinta-feira, 13, causou transtornos em diversas regiões. No Rio Grande do Sul, ao menos 790 mil pontos ficaram sem energia elétrica, além do registro de uma morte e sete pessoas feridas em decorrência do fenômeno climático. Outras duas pessoas morreram no Estado de São Paulo, de acordo com a Defesa Civil, e mais uma morte foi registrada em Santa Catarina. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, a meteorologista do Climatempo Maria Clara Sassaki deu mais detalhes sobre a passagem do ciclone. Com o fenômeno já no oceano, a meteorologista fez um alerta para as baixas temperaturas que atingirão as regiões Sul e Sudeste neste final de semana: “Tem que ficar em alerta, porque essa onda de frio de agora tende a deixar as temperaturas abaixo de 10ºC. Regiões da cidade de São Paulo, especialmente a zona sul, com termômetros perto ou abaixo de 5ºC logo cedo e tem chance de geada ampla nos Estados da região Sul, Mato Grosso do Sul e áreas também do Sudeste. Na Serra da Mantiqueira, os termômetros podem até ficar abaixo de 0ºC.”
“O que eu posso dizer sobre o ciclone é que o pior já passou. A gente teve ontem rajadas chegando a quase 150 km/h na região Sul do Brasil, mas a área mais intensa desse ciclone já está bem afastada no oceano e a frente fria associada a esse sistema já está chegando na altura do sul da Bahia. Os alertas agora são para mar agitado e ventos de moderada intensidade nas próximas horas. O mar segue agitado até domingo e as ondas ainda podem chegar a quatro metros de altura, tanto na costa do Sul, quando na costa do Sudeste. Mas ventos com a magnitude que atingiram ontem, de 150 km/h, já não temos mais nas próximas horas e nem nos próximos dias”.
De acordo com a especialista, o ano de 2023 é atravessado por um inverno atípico, com temperaturas acima do esperado. “Esse inverno está um pouquinho diferente dos invernos anteriores. Ano passado, por exemplo, no mês de maio a gente já teve ondas de frio que provocaram neve na Região Sul. Foi uma onda de frio bastante intensa. Os últimos invernos foram mais severos porque estávamos com influência do fenômeno La Niña. Agora, o fenômeno La Niña já se desconfigurou e temos o oposto, o fenômeno El Niño, que deixa as águas do Oceano Pacífico mais aquecidas e a atmosfera também fica mais aquecida. Com isso, as ondas de frio demoraram para aparecer, essa é a primeira onda de frio um pouco mais intensa que estamos enfrentando. Tivemos a primeira ocorrência de neve ontem e hoje, por causa dessa massa de ar polar. E essas massas de ar polar, nessas condições, são de curta duração. Temos as temperaturas mais baixas, típicas dessa época do ano, mas não duram muito tempo. No domingo, essa massa de ar polar já começa a perder intensidade e as temperaturas voltam a subir até a chegada de uma nova onda de frio”.
Diante deste cenário, o atendimento do abrigo temporário localizado na Estação Pedro II, na Linha 3-Vermelha, será feito pela Defesa Civil. O alojamento foi montado nesta quinta-feira, 13, e permanece aberto até domingo, 16, para acolher quem precisa se proteger. Ao final da análise, Sassaki ainda destacou as influências da espécie humana no acirramento dos fenômenos climáticos do planeta.
“O El Niño está bastante intenso, já tivemos, inclusive há poucos dias atrás, a maior temperatura média global registrada, que ficou acima de 17ºC, maior valor registrado desde o início das medições. Estamos entrando em um cenário que não se tem registro, não se houve medições de uma temperatura tão elevada assim no planeta. Dá a impressão de que 17ºC é pouquinho e não está tão quente assim, mas para a temperatura média do planeta, existem regiões que são congeladas e 17º é calor. É uma temperatura bastante elevada e tem a ver tanto com o aquecimento natural do planeta, como com a influência do homem. O homem mexe com o planeta e mexe com o clima (…) A ação do homem com certeza tem um efeito nas alterações do clima também”, declarou. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.