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Associação aponta crescimento de bares e restaurantes, mas na prática o setor não está a todo vapor

O setor de alimentação fora do lar vem apresentando um crescimento notável no mercado de trabalho, superando as médias gerais do Brasil, de acordo com os últimos resultados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). Segundo as estatísticas mais recentes, o segmento registrou um aumento de 1,2% no número de empregos em um período de 12 meses, enquanto o crescimento geral foi de 0,9% para outros setores. No entanto, quando comparado ao trimestre anterior, o setor de alimentação e hospedagem (do qual bares e restaurantes representam mais de 90% do volume de empregos) obteve um desempenho ainda melhor, com um crescimento de 1,4%, em contraste com o modesto aumento de 0,2% registrado nas demais áreas. Foram 77 mil novos empregos criados desde fevereiro. “Esses resultados demonstram a resiliência e a capacidade do setor de alimentação fora do lar de se adaptar e criar oportunidades de emprego mesmo em um cenário econômico desafiador”, diz Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes).

 Para um dos fundadores do Horacio Bar e Cucina, Christian Lombardi, na prática, as coisas não estão tão favoráveis assim. “Sendo sócio de vários comércios nos setores de bares e restaurantes, na pandemia tomamos um grande susto, pois tivemos que, mesmo fechados, arcar com aluguéis, salários dos empregados por conta própria e prejuízos com estoques de alimentos e bebidas, por exemplo. Não tivemos nenhum apoio, o prejuízo foi grande, fizemos muitas dívidas, e não tivemos a ajuda necessária por parte do governo, inclusive, até hoje”, declara. Segundo Claudio Manoel Cardoso Esteves, sócio do Restaurante Pecorino Unidade Itaim Bibi, a falta de apoio do governo aos restaurantes no período pós-pandêmico representa uma séria preocupação para a indústria de hospitalidade e seus trabalhadores. “Após enfrentarmos desafios significativos durante a pandemia, incluindo fechamentos prolongados, restrições de capacidade e uma diminuição na demanda dos clientes, os restaurantes e bares seguem lutando para se recuperar financeiramente. É fundamental que os governos reconheçam a importância do setor para a economia e adotem medidas eficazes para apoiar sua recuperação. Isso inclui fornecer assistência financeira direta, implementar políticas que incentivem a adaptação dos bares e restaurantes às novas realidades do mercado e oferecer apoio à força de trabalho do setor.”

O empresário ainda destaca que, sem um apoio adequado, muitos bares e restaurantes correm o risco de fechar permanentemente, o que teria um impacto devastador não apenas na indústria de hospitalidade, mas também na economia em geral e na comunidade local. “É crucial que os governos ajam rapidamente e de forma decisiva para garantir que os restaurantes recebam o suporte necessário para se recuperarem e prosperarem no período pós-pandêmico.” Carlos Claro, um dos donos da Tartuferia San Paolo, renomada rede de restaurantes italianos da capital, ressalta que, ainda em 2024, o setor não se recuperou totalmente. “O segmento sofreu muito. Muitas operações fecharam. A falta de suporte provocou o fechamento de muitas operações e as que ficaram precisam de políticas para compensar as perdas de maneira quase que imediata, porque senão teremos uma tragédia anunciada.”

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Lombardi destaca que falta no governo municipal um olhar mais voltado ao empreendedor, já que o setor é um dos maiores empregadores do país. “O governo poderia ter criado uma política de incentivo, tanto na parte do IPTU quanto na linha de crédito subsidiada para os aluguéis, e nada foi feito. Somos o segundo setor que gera mais empregos na cidade de São Paulo e onde temos muitas mulheres como colaboradoras, e estas, em sua maioria, têm filhos. E o provento dos lares vem dessas pessoas. É preciso começar a olhar o segmento com outro ângulo e agir mais”, comenta. E continua dizendo que o problema não é o governo assistir o setor, é que o setor não tem um representante trabalhando o tempo todo para isso. “O governo não tem a obrigação de saber de tudo, ele tem que ser estimulado, nós, como cidadãos, temos de nos fazer representar para podermos apresentar soluções aos problemas e fomentar o crescimento da economia. Ter alguém nos representando com essa experiência é imprescindível para que aconteça, inclusive, o desenvolvimento tanto no turismo quanto do aumento da qualidade de vida de uma cidade que é o coração do país”, finaliza.

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