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Associação de pais diz que concordou com série da Netflix sobre Boate Kiss

A Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria divulgou uma nota neste domingo (29) afirmando que estava ciente da produção da Netflix “Todo o dia a mesma noite”, baseada em livro homônimo da jornalista Daniela Arbex. O lançamento conta, de maneira ficcional, a história da tragédia do incêndio na Boate Kiss, que deixou 242 mortos. 

Na nota, a associação afirma que “sente-se representada por ela, bem como pelo livro da autora”. O texto foi divulgado depois que alguns pais de vítimas afirmaram não terem sido informados da produção e disseram cogitar um processo.

A associação ressalta que a série não é um retrato individual de nenhuma das vítimas, mas um recorte de quatro famílias que foram processados. “Todos familiares de vítimas e sobreviventes retratados por personagens da obra estavam cientes e em concordância”. Não há interesse em nenhum processo, continua a nota, até por acreditar que a produção pode ajudar na “luta por justiça e luta por memória”. 

“É preciso falar, debater, produzir materiais sobre o que aconteceu naquela trágica noite de 27 de janeiro de 2013, pois só assim conseguiremos que as pessoas entendam o que a ganância, a negligência e a omissão são capazes de fazer”, diz a nota, que é assinada por Gabriel Rovadoschi Barros, presidente da associação. 

Daniela Arbex compartilhou a nota nas redes sociais. “Não falar sobre o que aconteceu não poupa os familiares de sofrimento”, escreveu a jornalista”. “O silenciamento só interessa aos réus e à impunidade”.

Pai de vítima diz que não sabia de série
“Nós fomos pegos de surpresa, ninguém nos avisou, ninguém nos pediu permissão. Nós queremos saber quem está lucrando com isso. Não admitimos que ninguém ganhe dinheiro em cima da nossa dor e das mortes dos nossos filhos. Queremos entender quem autorizou, quem foi avisado, porque muitos de nós não fomos”, afirmou o empresário Eriton Luiz Tonetto Lopes que perdeu uma filha de 19 anos na tragédia, a jovem Évelin Costa Lopes, em entrevista ao GZH.

“Há pais passando mal por causa da série. O mínimo que exigimos agora é que uma parte do lucro seja repassado para tratamento de sobreviventes e para a construção do memorial da Kiss. Nós não queremos nenhum dinheiro para nós”, continuou.

Os pais que pretendem processar a Netflix não fazem parte da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, que é retratada na trama. Um dos maiores questionamentos deles, além da exposição, é saber qual a destinação do dinheiro arrecadado pela Netflix com a série.

A advogada Juliane Muller Korb, procurada pelos familiares, explica o caso. “Todas as famílias sentem a mesma dor, mas de forma distinta, inclusive em relação a esta série. Todas têm mágoa com o poder judiciário e com a impunidade até aqui. A grande questão é que faltou sensibilidade, por parte da Netflix, de fazer um contato com os pais. Não para pedir permissão nem coibir a licença poética, pois a história não tem dono, mas para avisar que seria algo totalmente diferente de tudo que eles já viram”, disse Korb.

“Eles estavam preparados para um documentário, não para uma série dramática. Os pais e os sobreviventes estão ‘acostumados’ a ver materiais jornalísticos, com reproduções e relatos fidedignos. Mas a série é diferente. O impacto foi muito forte porque é uma simulação, uma reprodução, com rostos diferentes, com atores. Eles estão ‘acostumados’ com o pós-tragédia. E a série mostra o antes, então, é como se ocorresse de novo. É uma linha muito tênue entre ficção e realidade”, continuou.

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