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Atraso no Censo: Salvador tem apenas 53,5% da população recenseada em três meses

No começo do processo de recenceamento, há três meses atrás, equipes de recenseadores em Salvador era bem maior

Os 1.654 recenseadores de Salvador não têm tido vida fácil na hora de fazer entrevistas e completar seus setores para o Censo 2022 do IBGE. É que, na capital baiana, só 53,5% da população estimada pelo instituto recebeu os profissionais em seus domicílios.

Ou seja, apenas 1.552.635 dos 2.900.319 soteropolitanos que precisam participar responderam à perguntas da pesquisa. A cidade está em 397° entre os 417 municípios no ranking estadual de proporção da população recenseada e longe da taxa de 75% de conclusão, porcentagem ideal a um mês do fim da pesquisa. 

“Demorei dois meses e meio em um setor e ainda. Dez domicílios não encontrei de jeito nenhum e outros foi recusa”, conta Luana, 31, recenseadora da capital que prefere não falar o sobrenome. O relato dela se confirma nos números. Em 80.332 domicílios visitados (11,3%), não foi possível encontrar ninguém, percentual que é quase dobro do verificado no estado (6,1%). 

Em outros 25.951 domicílios (3,7% dos ocupados), moradores se recusaram a atender o IBGE. A recusa na capital é mais de duas vezes maior em relação ao resto da Bahia (1,6%). Ao todo, Salvador é divida em 41 postos para recenseamento. Em 18 destes, que englobam bairros de ‘àrea nobre’ e outros com histórico de violência, menos da metade da população foi recenseada.

André Urpia, superintendente do IBGE na Bahia, explica a natureza do baixo recenseamento nos diferentes lugares. “Em bairros como Pituba, Graça e Bares, há dificuldade para entrar nos condomínios. Temos de dar apoio para conversar com síndicos e porteiros. […] Outros pontos como Cosme de Farias e Engenho Velho da Federação, a violência faz com que recenseadores fiquem dias sem poder atuar”, fala o superintendente.

Dificuldades no caminho

Os dois lugares citados por Urpia registraram episódio de violência e insegurança de maneira recente. No último domingo (30), três homens foram mortos a tiros em uma festa paredão, sendo um deles policial. Em setembro, o Engenho Velho da Federação foi palco de confrontos entre facções. A situação preocupa já que o Censo funciona com bússola para o Estado no desenvolvimento de políticas de saúde, educação, segurança e diversas áreas competentes a ele.

Há outros problemas que pesam na balança. De acordo com IBGE, períodos chuvosos também prejudicaram o progresso. Porém, um fator mais forte é a ausência de recenseadores. Muitos deixaram seus cargos por problemas na remuneração ainda no mês de setembro. Hoje, em Salvador, só 1.654 (63,0%) das 2.627 vagas para a função estão ocupadas.

Lucas Ferreira, 34, que chegou a ser diretor da União dos Recenseadores da Bahia, deixou a função de recenseador na capital no mês de setembro. Hoje ainda ouve relatos de colegas com dificuldades. “Me bati com um colega no meu prédio que me reconheceu e ele disse que era difícil fechar o setor por conta das ausências”, relata ele. 

Coordenador operacional do Censo 2022 na Bahia, Francisco Brito faz um raio-x das questões que atrapalham. “A maior dificuldade é o morador ausente. E nossa estatística explica isso. Hoje, as famílias são menores e, na hora que o IBGE chega, muitas vezes os moradores não estão presentes porque tem muita gente trabalhando ou estudando”, diz o coordenador.

Por conta disso, os recenseadores estão intensificando visitas aos sábados, domingos e feriados. Para incentivar as ações, o IBGE promoveu aumentos na remuneração que chegam a 21% em Salvador a depender do caso. Além disso, o instituto vai ampliar a pesquisa até 15 de dezembro. A intenção é fazer com que quem está no processo se dedique ainda mais, já que o número de recenseadores ativos deixa a desejar.

Bahia na frente

No estado como um todo, também falta mão de obra. Tenho isso. A Bahia tem ocupadas 8.578 (68,7%) das 12.485 vagas abertas para recenseador. No entanto, a cobertura está bem à frente. Ao todo,  10,5 milhões de pessoas (70,0%) foram recenseadas no estado, que segue com a 4ª maior população recenseada, em números absolutos do país. Em termos percentuais, ocupa a 9° colocação entre os estados.

Emerson Sant’Anna, 32, é recenseador em Itapetinga, no sudoeste do estado, e é um exemplo do trabalho avançado. Ele conseguiu cumprir boa parte do que tinha como meta. “Como eu moro perto da minha região coleta, consegui fazer as entrevistas da maioria dos domicílios que estão em minha lista. Apenas alguns, por ausência ou recusa, ainda estão pendentes, mas devo concluir”, afirma ele, otimista.

Quem também trata a situação do estado com otimismo é André Urpia, do IBGE. Ele afirma que é possível nem precisar da ampliação do prazo para dezembro em termos estaduais. “No caso da Bahia, a situação é mais tranquila porque estamos perto dos 75%, taxa que é desejável à essa altura. Ainda mais porque, por conta da covid-19 e também do espaçamento entre os sensos, é possível que nossa estimativa de pessoas a serem recenseadas seja menor”, completa.

O Censo Demográfico é importante tanto para os governos federais, estaduais e municipais no sentido da promoção de políticas públicas, como também para o setor privado, já que mostra o perfil dos bairros e moradores para empreendedores sobre as necessidades de comércio em determinados locais.

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