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Bisneto de Jorge Amado e Zélia Gattai é piloto de kart e revela paixão da família

Apesar da pouca idade, o garoto Miguel Amado, de apenas 11 anos, não esconde o entusiasmo – e a adrenalina – ao falar de um dos seus hobbies preferidos: correr de kart. “A melhor parte de correr são as competições. Não é igual ao treino, a galera acelera mais. Fica bem mais disputado”, registrou o menino. As voltas na pista do kartódromo Ayrton Senna, em Lauro de Freitas, acontecem, geralmente, nos fins de semana. Sempre ao lado do pai, Jonga Amado, o maior incentivador. Mas há quem diga que o hobbie da família não combina em nada com a história dela.

E o sobrenome único, pouco comum, entrega de qual família estamos falando. Jonga e Miguel são descendentes diretos do ilustre – e único também – escritor baiano Jorge Amado. Para ser mais específico, neto e bisneto. O argumento de que as pistas de corrida não tem nada a ver com a história da família cai por terra quando Zélia Gattai, casada com o escritor por 56 anos, entra na história. Isso porque, além dos livros, uma das maiores paixões da vida de Zélia eram as corridas de carro, ainda mais quando se falava em Ayrton Senna – coincidentemente homenageado pela pista onde o bisneto acelera hoje.

Como quase toda criança quando te conhece pela primeira vez, Miguel falou pouco na ligação por telefone. Ao lado dele, Jonga puxou as rédeas e tratou de organizar essa árvore genealógica. Ele é filho do primogênito do casal Jorge e Zélia, João Jorge Amado, hoje com 76 anos, e é casado com Daysiane Amado. Juntos, têm os meninos Miguel e o mais novo Heitor, com seis anos. Toda essa volta para explicar o lugar de cada um na família serviu para entender o que levou o bisneto de Jorge Amado, tantas décadas depois, a conservar essa paixão por pilotar.

A grande verdade é que, quando se fala da relação da família com o automobilismo, o nome de Jorge Amado se torna um mero figurante. O escritor não se interessava pelo assunto e nunca aprendeu a dirigir. Esse gosto por pilotar foi herdado do tataravô Ernesto Gattai, pai de Zélia. Um imigrante italiano com a história marcada por perseguição política do governo Vargas e militância anarquista. “Meu bisavô era piloto. Ele tinha uma concessionária da Alfa Romeo em São Paulo e foi o primeiro a trazer um charutinho para o Brasil [modelo de carro que deu origem à Fórmula 1]. Ele foi o vencedor da primeira corrida Rio-Santos na década 1930”, explicou Jonga.

Hoje, o piloto da família não guia mais um charutinho, mas sim kart de 5,5 cavalos de potência, 160 cilindradas e que pode chegar a 80 km/h. Miguel lembrou durante a conversa da primeira vez em que pilotou para valer em um campeonato e admitiu que subiu de nervosismo. Nada melhor que as primeiras voltas para relaxar e se acostumar. O resultado foi o segundo lugar geral nos estaduais da Bahia e Sergipe no ano passado. Agora, começou com tudo a temporada 2023 e conseguiu mais um pódio na primeira etapa baiana.

“É bem mais difícil correr na chuva, foi minha primeira vez assim. Nas curvas demora mais para virar e precisa usar muito o freio. Consegui mais uma vez o segundo lugar”, disse o garoto. Torcedor do Bahia, Miguel levou a bandeira tricolor para o pódio e ouviu do pai que nas próximas corridas já dá para brigar pelo primeiro lugar. “Falei para ele que tá parecendo o Vitória, só fica em segundo”, brincou Jonga.

Os campeonatos estaduais são formados por etapas que acontecem ao longo de todo o ano e, após somadas as pontuações de cada corrida, é definido o campeão geral. A ideia é continuar brigando no topo para, no próximo ano, quando Miguel chegar na categoria F4 Junior, se adaptar aind mais rápido à mudança de carro. “O carro no próximo ano muda, fica mais potente. Esse kart atual eu vou guardar para o meu filho mais novo experimentar quando completar os sete anos, que é a idade mínima para correr”, completou o pai.

Miguel em seu kart no kartódromo (Foto: Reprodução)

Enquanto o incentivo fora das pistas está garantido, na beira da curva fica o professor Diego Freitas, ex-piloto da Stock Car e que comanda a escolinha de kart em Lauro de Freitas e é chefe da equipe profissional de kart DF Racing.

Fora das pistas, Miguel tem outros hobbies como qualquer outra criança. O videogame e o futebol são companheiros fiéis também. Já na escola, o garoto explicou que, apesar de não gostar muito, a matéria que melhor se sai é matemática. E só para não dizer que a veia artística da escrita ficou distante, Jonga trata de lembrar que Miguel já venceu um concurso de poesia na escola. Talvez esteja no sangue a afinidade com as palavras.

E para manter viva a memória e o legado do bisavô Jorge, obras como Gato Malhado e Andorinha Sinhá já estão gravadas de cor e salteado pelo menino. Outras, guardadas com carinho pela família, aguardam o amadurecimento de Miguel para integrar a prateleira. “Embora meu avô Jorge não fosse escritor infantil, ele escreveu algumas obras desse tipo e lembro dele lendo para mim e para meus irmãos para saber se tínhamos gostado. O resto é uma literatura que ele vai entender mais na puberdade. Vai ter contato em breve”, completou o pai.

Tradição de família

Na infância e juventude, ao lado da avó Zélia, era quase uma tradição de Jonga sentar para acompanhar as corridas de Fórmula 1 na TV. “Ela era apaixonada por carro. Adorava corrida e lembro de sentar com ela para ver e torcer. Meu avô ficava sentado ao lado, fazia um comentário ou outro mas não ligava muito. Ela gostava do cheiro de gasolina”, definiu.

Até quando comprou um Puma 1978 e tirava um tempinho para cuidar dele, tinha a companhia da avó e dos amigos para jogar conversa fora na famosa casa do Rio Vermelho. Era lá também que ficava guardado o carro que usava nas corridas de arrancada, modalidade de automobilismo que praticou durante muitos anos. Hoje, depois da paternidade, pilota só Off-road (estrada de terra). “É mais tranquilo”, define Jonga.

Mas, sem dúvidas, a história contada que mais reflete a paixão de Zélia Gattai por carros e por velocidade é um relato da década de 1980. Em uma das muitas viagens para a França, quando Zélia já tinha mais de 70 anos, a escritora foi parada pelo guarda da polícia por alegar alta velocidade. E acredite, a “pilota” tinha alcançado 170 km/h e assustou o oficial quando ele pediu para que encostasse a abaixasse os vidros para identificar a condutora. Uma idosa que nasceu e cresceu influenciada por corridas de carros e, a partir desses relatos, ajudou a revelar um lado pouco conhecido em uma família que contribuiu tanto para a literatura brasileira.

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