InícioEditorialCampeonato de Quadrilhas reúne grupos de 50 cidades em Periperi

Campeonato de Quadrilhas reúne grupos de 50 cidades em Periperi

O sol ainda não tinha despontado no horizonte, quando Lorrana Keylle, 32, levantou da cama, em Jandaíra, no nordeste baiano. Por volta das 4 horas, de ontem (8), ela encontrou os colegas na rodoviária e saíram todos rumo à Salvador, que sedia a 14º edição do Campeonato Estadual de Quadrilhas Juninas, na Praça da Revolução, em Periperi, no Subúrbio Ferroviário. 

Mesmo com a experiência de quem dança forró há 11 anos, o coração da veterana Lorrana ainda acelera quando pisa com o pé direito no palco e ouve os aplausos da torcida.  

As quadrilhas juninas são responsáveis por manter viva  uma tradição que teve início no século XIII, na Europa, mas que ganhou contornos regionais a partir da popularização da dança, no século XIX. 
Com pouco patrocínio, levar a tradição adiante não é tarefa fácil. Rifas, pedir dinheiro em sinaleira, ajuda de familiares e realização de festas para arrecadar doações são algumas das formas encontradas pelos membros para conseguir bancar a estrutura exigida.  

Além da luta para conseguir as verbas necessárias para a produção, cada vez mais sofisticada, os integrantes precisam   se desdobrar para conciliar os ensaios com as obrigações diárias. Lorrana Keylle, por exemplo, trabalha como ajudante de limpeza em um hospital e, mesmo assim, participa dos ensaios que, geralmente, consomem três horas diárias. Desde o início do ano, as quadrilhas se preparam para as apresentações no São João. A frequência dos ensaios é intensificada no mês de junho.  

Cada quadrilha apresenta um enredo e é julgada de acordo com seis critérios

(Foto: Arisson Marinho/CORREIO)

 Respiro

“É cansativo, mas eu gosto muito de fazer parte. Quando vai chegando mais perto, a gente ensaia diariamente e, em alguns finais de semana, a preparação toma o dia todo”, diz a quadrilheira. 
As quadrilhas reúnem grupos de 30 e 60 pessoas, com faixas etárias e classes sociais diferentes que, talvez não se encontrassem, não fossem os ensaios. 

A estudante Luana Vitória dos Santos, de 16 anos, participa pela primeira vez da quadrilha Mistura Gostosa, de Cruz das Almas. Para a jovem, que saiu de Salvador e se mudar para o interior, a dança de quadrilha é um respiro em meio ao cotidiano. 

“É uma distração para mim, que tenho problemas de ansiedade. Quando comecei a fazer parte da quadrilha, minha ansiedade diminuiu muito, além de ser lindo”, conta 

As quadrilhas Mistura Gostosa e Xodó Agreste, de Jandaíra, fazem parte do Grupo de Acesso do Campeonato Estadual de Quadrilhas Juninas. Elas e outras 38 equipes se apresentam até o sábado, na Praça da Revolução, a partir das 10 horas da manhã. As duas melhores se classificam para o Grupo Especial no ano que vem. No domingo, as dez quadrilhas que fazem parte do Grupo Especial se apresentam e disputam o troféu, além do prêmio de R$14 mil. O evento é gratuito e o espaço é coberto.  
 

Grupo especial 

Cada quadrilha é julgada de acordo com seis critérios: conjunto da obra, coreografia, musicalidade, figurino, casamento e marcador. A vencedora da edição passada foi a Cia da Ilha, de Itaparica. 

Praticamente não há patrocínio para as quadrilhas, que precisam se desdobrar para conseguir verbas

(Foto: Arisson Marinho/CORREIO)

Na quinta-feira (8), quando a primeira apresentação teve início, ao meio-dia, o público já aguardava na arquibancada montada especialmente para o campeonato. Entre as torcidas, estavam muitas famílias e crianças que entraram no clima junino. 

Para Carlos Brito, presidente da Federação Baiana das Quadrilhas Juninas (Febaq), o evento é uma forma de fortalecer a cultura, mas os incentivos para o setor ainda são escassos e insuficientes.  

“As quadrilhas se modernizaram muito com o passar dos anos e, hoje, possuem quase o mesmo direcionamento que as escolas de samba. As músicas e os figurinos são feitos sobre uma temática, que conta uma história”, afirma. A produção é acompanhada de muito investimento financeiro, apesar de a realidade de cada quadrilha variar conforme a localidade, os custos não saem por menos de R$ 40 mil.  

“Para se manter e construir um grande trabalho como esse, as dificuldades são muito grandes. Não temos patrocínio, os gastos vêm através dos componentes, da luta das diretorias, empréstimos e por aí vai. Precisamos que o governo e as prefeituras incentivem a tradição do estado”, cobra Carlos Britto.  

O Campeonato tem o patrocínio do Governo do Estado, por meio da Superintendência de Fomento ao Turismo (Sufotur). 
 

Serviço:

O que: Campeonato de Estadual de Quadrilhas Juninas
Onde: Praça da Revolução – Periperi
Quando: sexta-feira (9), sábado (10) e domingo (11), a partir das 10 horas
Valor: gratuito

Quadrilhas que disputam o primeiro lugar: 

  • Encanto do Oeste (Barreiras)
  • Forró do ABC (Salvador)
  • Nossa Raíz (Cícero Dantas)
  • Balancê (Itambé)
  • Busca Pé (Juazeiro)
  • Imperatriz do Forró (Salvador)
  • Pisada do Sertão (Pedro Alexandre)
  • Fogueira Santa (Camaçari)
  • Xiado do Xinelo (Cauculé)
  • Cia da Ilha (Itaparica)

*Com orientação de Perla Ribeiro.

**O projeto São João em todo canto é uma realização do jornal Correio com patrocínio da Via Bahia e apoio da Larco Petróleo.

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