Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descobriu que canabinoides (substâncias extraídas da Cannabis) podem ajudar no tratamento de doenças neurológicas como Alzheimer, esclerose múltipla, esquizofrenia e depressão. A pesquisa foi publicada nesta sexta-feira (27/5), na revista científica European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences.
Os cientistas testaram três tipos de canabinoides em oligodendrócitos, células que são responsáveis por formar a bainha de mielina que protege os neurônios — o desgaste desta estrutura está relacionado à esclerose múltipla, por exemplo.
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“A mielina também é importante para fornecer energia para o neurônio e mantê-lo saudável. Quando há defeitos nos oligodendrócitos, vários problemas podem ocorrer no funcionamento dos neurônios e consequentemente do cérebro”, explica a pesquisadora Valéria Almeida, uma das autoras do estudo, à Agência Bori.
Os cientistas contam que os canabinoides podem alterar mecanismos fundamentais para a produção de energia celular, a criação de novas células, a movimentação delas para outras partes do cérebro ou até a morte delas.
“Modificar a proliferação, o ciclo e a morte celular pode ser essencial para conferir neuroproteção; modular as vias de migração e diferenciação celular pode influenciar o desenvolvimento de um perfil mais saudável nas células neuronais. Além disso, mudanças no metabolismo energético podem ser investigadas pelo seu potencial de melhorar desregulações vistas em muitas desordens neurodesenvolvimentais e neurológicas”, escrevem os pesquisadores.
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Apesar de novos estudos precisarem ser feitos para criar maneiras de usar os canabinoides contra doenças, a descoberta é essencial para avançar no desenvolvimento de medicamentos que tratem condições neurológicas que, muitas vezes, não possuem tratamento.
“Nossos resultados poderão ser utilizados por outros pesquisadores como direcionamento para a procura de novos tratamentos de doenças causadas por problemas na função de oligodendrócitos ou na mielina”, conta Valéria.
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