Os jornalistas estão excitadíssimos com o indiciamento de Jair Bolsonaro no caso das joias sauditas das quais ele teria se apropriado ilegalmente. É claro que é notícia, mas nem tudo que é notícia interessa de verdade ao mundo real ou a percepção do mundo real é igual à dos jornalistas.
A uma parte não desprezível do mundo real, o jornalismo só ajuda a confirmar a crença de que Jair Bolsonaro sofre perseguição política da parte das excelências da Justiça. Talvez até mesmo entre eleitores do PT já comece a surgir a dúvida se não estão exagerando na quantidade de processos contra o ex-presidente da República.
Um colunista disse que o caso das joias pode abalar a popularidade de Jair Bolsonaro, porque é de fácil entendimento para o povo e contraria o discurso de moralidade do ex-presidente da República. Pois tendo a crer que é exatamente o contrário: por ser um caso de fácil entendimento para o povo, Jair Bolsonaro deve sair ainda mais vitimizado.
Não é improvável que apareçam nos jornais pesquisas que apontam que os brasileiros acham que Jair Bolsonaro cometeu crime no caso das joias e deve ser punido etc. No mundo real, diz-se uma coisa e faz-se outra. Os mesmo institutos de pesquisa mostram como o ex-presidente da República continua competitivo, apesar dos direitos cassados. Se os brasileiros tivessem repulsa a ladrão, não continuariam elegendo tantos. Acho que não preciso citar o exemplo mais ululante.
Lula não vê a hora de Jair Bolsonaro ser anistiado para poder enfrentá-lo em 2026, tão certo ele está de que é melhor repetir o cenário eleitoral de quatro anos antes. O petista depende cada vez mais do seu suposto antípoda ideológico para continuar a existir politicamente. Entendo, portanto, o frisson dos jornalistas em manter o ex-presidente da República no noticiário com tanto destaque. Mas alguém avise as excelências da Justiça de que eles podem ter ultrapassado o ponto certo.