O Centro de Referência às Pessoas com Doença Falciforme Rilza Valentim foi inaugurado, nesta segunda-feira (13), em Salvador. A unidade oferece atendimento ambulatorial nas especialidades de hematologia, ortopedia, gastroenterologia, oftalmologia, nutrição, psicologia, odontologia, fisioterapia, serviço social e assistência farmacêutica. Tudo de forma gratuita. Houve protesto durante a inauguração.
O investimento foi de R$ 9,5 milhões e a unidade tem capacidade é para realizar até 100 mil atendimentos por ano, mas não atende urgência e emergência, o que significa que os pacientes precisam agendar as consultas ou serem transferidos. Quem já é acompanhado pelo estado deve agendar a consulta pelos telefones (71) 3116-5675 ou 3116-5676, das 8h às 19 horas, de segunda a sexta-feira. Ou enviar um email para [email protected].
Já os novos interessados devem enviar um e-mail para [email protected]. Além dos serviços transfusionais e consultas, o Centro realizar exames hematológicos e doppler transcraniano, este último fundamental para diagnóstico precoce de alterações de vasos cerebrais, que estão relacionadas com o desenvolvimento de AVC.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa, foram convidados, mas tiveram um contratempo e não puderam comparecer. O governador Jerônimo Rodrigues (PT) destacou a importância da unidade.
“É uma doença que as vezes as pessoas escondem por medo e pelo preconceito. A entrega desse Centro tem um conjunto de funcionalidades, de tratar as pessoas, fazer os exames necessários e encaminhar os pacientes para outros centros quando acometidas de outros tipos de doenças”, afirmou.
A partir desta terça-feira (14), a unidade vai oferecer 100 testes por dia para o rastreio da doença falciforme na população na semana de inauguração. O atendimento será das 8h às 17h. O público elegível são crianças que não fizeram o teste do pezinho, lembrando que esse exame não é substitutivo; ou ter histórico familiar da doença falciforme; ou ter antecedente de anemia de causa desconhecida entre 1 e 45 anos. É preciso levar RG, CPF e Cartão do SUS.
Protesto
O Centro será gerido pela Fundação Hemoba, e funcionará de segunda a sexta-feira, das 7h às 19 horas, nos Barris, próximo a 5º Centro de Saúde. São 2.186,39 m² de área construída, e capacidade para 25% a mais de atendimentos que o ambulatório do Hemocentro Coordenador, em Brotas. Além dos serviços assistenciais, a estrutura foi pensada como espaço de ensino e pesquisa.
Durante a inauguração houve protesto de integrantes de entidades que representam pessoas com doença falciforme. Eles levaram cartazes contra o que chamaram de “puxadinho do Hemoba”. Os manifestantes disseram que o serviço é deficiente no interior do estado e que pacientes não conseguem atendimento, por isso, cobraram que o investimento fosse realizado no interior.
O governador ficou irritado e respondeu em cima do palanque. “Eu não estou tratando de política de puxadinho. Quem tiver suas faixas pode guardar, porque no meu governo não vai caber puxadinho para os mais pobres. Se alguém quiser fazer a política honesta e séria venha fazer olhando nos meus olhos e discutindo com o meu posicionamento político”, disse.
Ele convidou os manifestantes para debater na Secretaria de Saúde e afirmou que se fosse necessário passaria o número de telefone para a discussão. O governo disse estar fazendo reuniões para discutir a situação no interior e cobrou a participação das prefeituras.
O representante da Associação Baiana de Pessoas com Doença Falciforme (ABADFAL), André Gomes, destacou que as prefeituras de interior, principalmente de municípios pequenos, não conseguem oferecer o serviço sem o apoio do estado.
“Para Salvador nós temos dois multicentros de saúde, um na Rua Carlos Gomes e outro no Vale das Pedrinhas. Salvador tem todo um suporte, com maternidades, agora o centro de referência e o Hemoba. O que a gente vem discutindo é a situação dos interiores, são 417 municípios e eles não são alcançados. O que estamos cobrando é uma cobertura completa no estado”, disse.
Atualmente, mais de 12.400 pessoas são acompanhadas em serviços especializados no estado, distribuídos nos municípios de Alagoinhas, Barreiras, Camaçari, Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Lauro de Freitas e Salvador. Dados do Sistema de Informações Sobre Mortalidade (SIM) apontam que a Bahia teve 603 óbitos por Doença Falciforme entre 2015 e 2022, sendo 86 apenas no último ano.