InícioEditorialEsportesCity x Inter de Milão: quem leva a Champions? Veja a análise

City x Inter de Milão: quem leva a Champions? Veja a análise

Há pouco mais de 18 anos, Liverpool e Milan protagonizaram aquele que é visto até hoje como a maior final da Liga dos Campeões. No Estádio Olímpico Atatürk, os 70 mil torcedores presentes assistiram um empate emocionante em 3×3 entre ingleses e italianos, numa final que deu o título ao Liverpool nos pênaltis após buscar três gols, perdendo por 3×0 no tempo normal.

O mesmo Atatürk será palco de outro duelo entre Inglaterra e Itália. Manchester City e Inter de Milão disputam o título da Champions neste sábado (10), às 16h, e a expectativa de qualquer torcedor é que o jogo tenha, pelo menos, um pouco da emoção vista em 2005. E o cenário, por mais que tenha um contexto bem diferente, apresenta algumas semelhanças. A começar pelo nível técnico dos rivais. Enquanto lá atrás o Milan tinha Dida, Maldini, Cafu, Seedorf e Kaká, hoje a Inter é vista como a equipe mais fraca do duelo.

O Liverpool tinha a estrela de Gerard e um Xabi Alonso surgindo para o futebol, mas no geral um ataque com Luís Garcia e Milan Baros não chamava atenção. Já hoje, o lado inglês sobra dentro de campo com o Manchester, que além de craques como De Bruyne, Gundogan, Bernardo Silva e Haaland, tem na área técnica um treinador que é diferente de todos: Pep Guardiola. Assim como se provou há 18 anos, a diferença de elenco não é garantia de jogo fácil e nem de uma final sem graça. Afinal, a Inter chegou até a decisão em Istambul mostrando valências que podem ameaçar o time de Guardiola (mais abaixo você confere as análises táticas).

Os italianos tentam o tetra da Liga dos Campeões, já vencida em 1963/64, 1964/65 e 2009/10. Já o City chega apenas em sua segunda final e ainda não papou a orelhuda. É o único título de relevância que falta para a prateleira dos Citizens.

Nesta edição os times tiveram trajetórias igualmente complicadas. O City teve uma fase de grupos mais fácil e passou em primeiro na chave com Borussia Dortmund, Sevilla e Copenhague. Os ingleses somaram 14 pontos, 14 gols marcados e apenas dois sofridos. Já a Inter enfrentou o Bayern de Munique, Barcelona e Viktoria Plzen – era considerada apenas a terceira força do grupo. O time de Milão passou em segundo, eliminando o Barcelona, com dez pontos, dez gols marcados e sete sofridos.

Já no mata-mata a situação se inverteu. Óbvio que não existe caminho fácil na Champions, mas a Inter enfrentou a dupla portuguesa Porto e Benfica, e fez uma semifinal histórica com o rival Milan. Enquanto isso, o City precisou eliminar Bayern de Munique e Real Madrid na sequência das quartas e semis. E fez parecer fácil, já que aplicou 3×0 e 4×0 nos adversários jogando em casa, respectivamente. Antes, chegou a empatar o jogo de ida das oitavas para o RB Leipzig, mas na volta aplicou 7×0 fora de casa, com cinco gols de Haaland.

Para a decisão em Istambul, Guardiola chega com seu time completo, sem qualquer atleta lesionado ou suspenso, e deve repetir o time que colocou em campo contra o Real Madrid. Destaque para Kyle Walker, que substituiu o lesionado Aké nas semis e parece ter ficado com a vaga para a decisão. Eles ainda contam com a máquina de gols Haaland, que é o artilheiro da competição com 12 gols – não pode mais ser alcançado por ninguém.

Outro dado interessante é que o norueguês soma 52 gols na temporada, que é mais do que a soma dos três melhores atacantes da Inter: Lautaro, Džeko e Lukaku, que juntos têm 50 bolas na rede até aqui.

Já do lado italiano, Filippo Inzaghi também tem seu time todo à disposição, mas ainda com algumas dúvidas. A primeira se irá escalar Brozović ou Mkhitaryan no meio. A vantagem parece ser de  Brozović, já que o companheiro voltou de lesão essa semana. No ataque, Džeko e Lukaku brigam por uma vaga e a provável escolha do treinador será Džeko. O atacante belga deve ficar como opção para o segundo tempo.

Provável escalação do Manchester City
Ederson; Walker, Rúben Dias e Aké; Stones e Rodri; Bernardo Silva, De Bruyne, Gündogan e Grealish; Haaland.

Provável escalação da Inter de Milão
Onana; Darmian, Acerbi e Bastoni; Dumfries, Barella, Çalhanoğlu,  Brozović (Mkhitaryan) e Dimarco; Lautaro Martínez e Džeko (Lukaku).

As armas de Guardiola

O futebol apresentado pelo City na atual temporada segue a mesma filosofia implantada por Guardiola desde que chegou na Inglaterra. Um time que preza pela posse de bola e entende que ter o domínio dela significa dar menos chances do adversário te atacar e, consequentemente, marcar gols. Mas há um fator que mudou parte dessa filosofia e exigiu do treinador um movimento de adaptação que há alguns anos não era visto.

Esse fator tem quase 2 metros de altura, 22 anos e cabelos loiros e longos. Trata-se do norueguês Erling Haaland, contratado no começo desta temporada junto ao Borussia Dortmund e que quebrou diversos recordes de artilharia com a camisa do City.

Maior artilheiro da história em uma única edição de Premier League com 36 gols, Haaland deu ao treinador catalão novas possibilidades de mexer no Manchester City durante os jogos. Se antes o time tinha a necessidade de tocar a bola por muito tempo na frente da grande área adversária até achar um espaço para infiltrar ou chutar de longe, agora as bolas longas têm sido uma alternativa constante para o camisa 9 do City. Ou as jogadas de bola cruzada pelas laterais para Haaland finalizar de cabeça.

Ou ainda utilizar Haaland como uma ‘isca ao adversário’, onde ele pode abrir espaços na defesa com suas movimentações para que outros meias cheguem perto do gol para finalizar. É o caso do meio-campo Gundogan, que nos últimos seis jogos que atuou tem seis gols e duas assistências.

E as mudanças de Guardiola no Manchester aconteceram em ‘cadeia’. Enquanto no ataque houve adaptação, a defesa também passou por mudanças. Quando está com o domínio da bola, o zagueiro Stones começa a atuar como um volante e os laterais viram zagueiros, formando uma linha de três. Foi dessa forma que Pep e o City sufocaram o Real Madrid e aplicaram 4×0 no jogo de volta da semifinal. O time inglês ficou praticamente o tempo todo com a bola no pé e com muitos jogadores ocupando o meio-campo.

O próprio treinador já afirmou na coletiva de imprensa antes do jogo contra o Real que dessa vez não praticará o “overthinking”. Essa expressão em inglês nada mais é do que inventar algo fora do roteiro, que foge do habitual. Esse, inclusive, foi um dos problemas apontados quando Pep perdeu a final da Champions para o Chelsea, em 2020/21, quando diminuiu a quantidade de jogadores do meio-campo e, quando foi atacado de forma veloz, não suportou a marcação rival. O Chelsea fez 1×0 em um lance de infiltração na defesa do City e não sofreu finalização perigosa do Manchester na busca pelo empate.

Disposição do time do City no jogo (Foto: Reprodução/Sharemytatics)

A resposta italiana

Se tem alguém que deve ter analisado bem a final de City x Chelsea, essa pessoa é Filippo Inzaghi. O treinador também atua com três zagueiros, assim como o Chelsea, e tem nos seus alas, Dumfries e Dimarco, peças muito rápidas e com capacidade alta de atacar. Por outro lado, equilibra sua defesa com jogadores que marcam pelos lados e tapam esse ‘buraco’ quando os alas atacam. São eles Barella e  Brozović (ou Mkhitaryan), ainda contando com a boa disposição do meia turco Çalhanoğlu, que é mais ofensivo mas constantemente volta para marcar e fazer uma linha que ajude a sustentar a marcação sem esses laterais/alas. 

Ou seja, ao não ter a posse de bola, a Inter pode recuar os seus alas (Dumfries e Dimarco) e fazer uma linha de cinco marcadores na defesa, o que vai dificultar as valências já citadas do Manchester City, como as chegadas dos meias próximos ao gol ou as bolas rápidas para Haaland finalizar livre.

No ataque, além da categoria de Lautaro Martínez, que pode atuar mais centralizado ou pelos lados, a Inter também conta com outro jogador de muita força e que tem a capacidade de segurar a bola ou para girar e chutar, ou para dar assistências aos companheiros. São eles Edin Džeko ou Romelu Lukaku. Independente da escolha, essa figura do jogador forte e que domina bem a bola será importante para a Inter atacar o City quando conseguir.

Vale destacar também que do lado italiano há um ótimo equilíbrio no gol. Se para muitos Ederson é um goleiro muito melhor que Onana, vale ficar de olho nas partidas do goleiro de Camarões porque ele vem fazendo uma boa Liga dos Campeões e se mostra tão bom quanto o brasileiro.

Disposição da Inter no jogo (Foto: Reprodução/Sharemytatics)

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