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CNBB cita preocupação com extremismo e pede que cristãos votem

Bispos do Brasil pedem a participação política nas eleições de 2024 para evitar intolerância e mais violência

O presidente da CNBB, Dom Jaime Spengler (foto), assinou a carta com as preocupações dos bispos CNBB Sul 4/Jaison Alves – 27.abr.2023

PODER360 18.abr.2024 (quinta-feira) – 18h33

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou na 4ª feira (17.abr.2024) uma carta pedindo a participação política dos cristãos nas eleições municipais de 2024. O documento foi lido durante a 61ª Assembleia Geral, realizada no Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo. Leia a íntegra abaixo.

Na carta, os bispos afirmam que depois do período da ditadura militar, “a democracia ainda precisa de cuidado” e que o pleito municipal de outubro é uma oportunidade de fortalecê-la por meio do voto.

“A consciência cívica deverá estar a serviço dos mais profundos interesses do nosso povo, pois há exigências éticas para a realização do bem comum. Por isso, os cristãos, leigos e leigas, não podem ‘abdicar da participação na política’ (Christifideles Laici, 42). Preocupa-nos que extremismos, desprezando o projeto de fraternidade social, façam do processo eleitoral um palco de intolerância e de ainda mais violência”, afirma a carta.

Além da preocupação com a participação política, os bispos também lamentam as guerras, a fome, o crime, o desemprego, o preconceito, a corrupção, os eventos climáticos, os ataques aos povos da Terra Indígena Yanomami e as fake news.

Eis a íntegra da carta:

“Nós, bispos católicos do Brasil, iluminados por Jesus Ressuscitado, com fé e esperança, reunidos no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, de 10 a 19 de abril na cidade de Aparecida, SP, para a 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, dirigimos esta mensagem a todo o povo brasileiro.

“Na Assembleia, tivemos a oportunidade de dialogar e refletir sobre a nossa participação na missão da Igreja e na sociedade. Foi um momento de comunhão e de valorização das nossas diversidades. Reafirmamos e renovamos nossa opção radical e incondicional pela defesa integral da vida que se manifesta em cada ser humano e em toda a Criação.

“O tempo pascal nos impulsiona a renovar a esperança na certeza de que a morte foi e será sempre vencida. Os tempos atribulados exigem coragem e paciência para crescermos na Amizade Social. As muitas dificuldades ajudam a construir uma atitude de resistência e resiliência na busca por uma sociedade mais justa e fraterna, valores fundamentais do Reino de Deus.

“O passado recente nos ensina que a busca de soluções para o Brasil passa necessariamente pelo diálogo e pelo entendimento. Muito do que superamos deveu-se à articulação entre agentes lúcidos e cidadãos compromissados com a vida, a democracia e o país. As instituições brasileiras e a sociedade civil são fundamentais nesse processo. Os três poderes da República são instados a viver o que preconiza a Constituição. Independência e harmonia não são opções de momento, são deveres permanentes e irrenunciáveis.

“Na sociedade do diálogo, a paz é um imperativo. O primeiro dom do Ressuscitado foi de que a paz estivesse no nosso meio (cf. João 20,21). Papa Francisco recorda que a paz, por ação da força “mansa e santa” dos que creem, deve ser buscada como forma de “se opor ao ódio da guerra” (Papa Francisco, 1º. de janeiro de 2024). Desejamos paz para os inúmeros países em guerra, cujas consequências são milhares de mortes e milhões de deslocados e refugiados. Os gastos militares em 2023 foram os mais altos desde a Segunda Guerra Mundial, enquanto a fome cresceu e alcança parcela significativa da população mundial.

“Acompanhamos com dor o crescimento do crime, das milícias, do narcotráfico, da violência nas cidades e no campo, do bullying, do vandalismo, do racismo, do feminicídio, do tráfico humano e da exploração sexual de crianças, adolescentes e vulneráveis; a realidade dos migrantes, do povo em situação de rua, da população encarcerada nos desafia profundamente; a corrupção, o nepotismo e o tráfico de influência violentam o país. Necessitamos construir a paz que nasce da justiça (cf. Isaías 32,17).

“Esse cenário de violência se agrava pela precarização do mundo do trabalho e a tragédia do desemprego. Por ocasião da Festa do 1º de Maio, que se aproxima, a Igreja, inspirada em São José Operário, se une solidariamente aos trabalhadores e trabalhadoras nas suas memoráveis lutas por condições dignas de vida e trabalho, bem como com aqueles que continuam enfrentando antigos e novos problemas. Entendemos que o Brasil necessita de um novo marco legal que garanta a prioridade do trabalho, do bem-estar humano e da geração de emprego e renda, principalmente para os jovens. Todos os segmentos da sociedade brasileira devem defender a vida na sua integralidade e agir solidariamente em prol de um país economicamente humanizado, politicamente democrático, socialmente justo e ecologicamente sustentável.

“Os extremos climáticos, em forma de desastres naturais provocados pela ganância e pelas formas equivocadas de ocupação do espaço urbano, sem planejamento e sem respeito aos mais vulneráveis, são cada vez mais intensos. A necessária transição para energias limpas deve respeitar os direitos das comunidades ao território e à qualidade de vida.”

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