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Colecionismo e Tempo

A história da humanidade pode ser contada desde seu início através de colecionadores. Os primeiros colecionistas guardavam pedras de angulações inusitadas, trabalhadas pelo tempo, chuvas, sol, dias e noites. Outros, fósseis que lhe pareciam interessantes. O colecionador guarda pedaços do tempo. Faz sua história pessoal com seu acervo de obras de arte como uma prerrogativa, um sentido de vida. De início, é necessário o aconselhamento com pessoas que tenham experiência e conhecimento no mundo das artes. Muita leitura, acompanhamento de carreiras, palestras, exposições, museus, convivência e visitas a atelier, presença em Bienais, Salões Oficiais, leilões, simpósios, congressos e o que se possa acrescentar de conhecimento. Colecionar costuma virar obsessão. Formar uma coleção não tem fim. Não se encerra uma coleção, a arte é sábia, pede vizinhos e eles fatalmente chegarão. Uma coleção, quando tem sinceridade, passa a fazer parte da vida do indivíduo, a se tornar um autorretrato. Os colecionadores surgem através de heranças vinda dos pais, obras recebidas como presente, influência de amigos, desejo particular vindo da observação. Quando se começa uma coleção, geralmente se faz com obras mais acessíveis em preços, algumas com gravuras e desenhos. Isto não é regra. Todo colecionador de importância faz descarte, busca sempre rever sua coleção com a ajuda de especialistas, pesquisadores, críticos, curadores confiáveis, empreendedores culturais, marchands, artistas e autodidatas informados. Sabe-se que, no mercado de arte, não existe futurologia. Muitos artistas famosos no passado próximo, que chegaram a ganhar Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, do Salão Nacional do Rio, hoje não trabalham mais com arte. Desistiram da carreira, um golpe na confiança do colecionador. Um jogo de sorte e azar. Mas a arte é um grande investimento, não há dúvida. Um exemplo: quem investiu em Mira Schendel (foto), que nos anos 70 tinha preços baratíssimos, acertou. O perde e ganha é de qualquer atividade humana. Entre os grandes colecionistas do Brasil desde o princípio da atividade, alguns já falecidos, outros em atividade, citam-se: Armando Álvares Penteado, Assis Chateaubriand, Bernardo Paz, Francisco Matarazzo Sobrinho, Ema e Eva Klabin, Isai Leirner, Gilberto Chateaubriand, Pietro Maria Bardi, Jacques van de Beuque, João da Cruz, Vicente de Azevedo, Raimundo Otonni de Castro Maia, Ricardo Brennand, Charles Cosac, Soraia Cals e Oscar Americano, entre outros. A arte tornou-se um emaranhado de dúvidas sobre uma verdade: a própria arte.

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