Faltam seis dias para a Copa do Mundo começar. Sob o comando de Tite pelo segundo ciclo seguido, o Brasil liderou as Eliminatórias Sul-Americanas e chega ao Catar com ares de favorito e expectativas renovadas por parte da torcida.
No primeiro Mundial do técnico, em 2018, na Rússia, a Seleção Brasileira liderou seu grupo com sete pontos, eliminou o México nas oitavas de final, mas parou diante da Bélgica nas quartas.
Já em 2022, Tite tem mãos um elenco bastante renovado no ataque e muito experiente na defesa. A mescla entre velhas lideranças e novas estrelas garantiu ao Brasil o título da Copa América de 2019, o vice da edição de 2021 e classificação invicta à Copa (14 vitórias e três empates).
A Seleção terá apenas dez veteranos com experiência em Copas: os goleiros Alisson (2ª) e Ederson (2ª); os zagueiros Thiago Silva (4ª) e Marquinhos (2ª); os laterais Danilo (2ª) e Daniel Alves (3ª); os meio-campistas Casemiro (2ª) e Fred (2ª); e os atacantes Neymar (3ª) e Gabriel Jesus (2ª).
Já Weverton, Éder Militão, Bremer, Alex Sandro, Alex Telles, Fabinho, Bruno Guimarães, Lucas Paquetá, Everton Ribeiro, Vinícius Júnior, Raphinha, Richarlison, Antony, Pedro, Rodrygo e Gabriel Martinelli disputam um Mundial pela primeira vez.
A Copa do Mundo será realizada entre 20 de novembro e 18 de dezembro. Cabeça de chave do Grupo G, o Brasil enfrentará Sérvia (24/11), Suíça (28/11) e Camarões (2/12) na primeira fase.
Veja as opiniões dos colunistas do Superesportes sobre como a Seleção Brasileira chega ao Mundial:
Bob Faria, colunista do Superesportes
“Acho que a gente tem pontos muito positivos e alguns negativos no Brasil. Os pontos positivos são que temos uma boa geração de atacantes e um meio-campo muito sólido. O Tite conseguiu montar uma Seleção com qualidades variadas. Há um bom equilíbrio entre juventude, qualidade técnica e experiência entre os 26 convocados.
Mesmo que critiquem a convocação do Dani Alves, que é bem mais velho, eu o acho muito valioso para o grupo de jogadores. Até porque tem o Éder Militão, que pode jogar de lateral-direito. Tite calculou bem esse peso. Também temos Alisson, que acredito ser o melhor goleiro do mundo. Ou seja, temos um elenco bom o suficiente para fazer do time um dos melhores.
Temos também pontos negativos. O primeiro é o pouco tempo de preparação para colocar todo mundo na mesma página, já que os jogadores chegam de clubes e ligas diferentes, cada um com uma energia. Mas outras seleções também vão passar por isso.
Outro ponto é que o Brasil não jogou contra as grandes seleções europeias. Mesmo que os jogadores brasileiros joguem na Europa, é diferente de ter esse teste contra seleções grandes”.
Jaeci Carvalho, colunista do Estado de Minas e blogueiro do Superesportes
“O Brasil chega favorito, como em todos os Mundiais. Porém, não acredito na Seleção de Tite, justamente pelo futebol pobre e pífio. Nos classificamos com antecedência nas Eliminatórias porque hoje só temos a Argentina como adversário. Nem mesmo o Uruguai nos faz frente.
Ganhamos de ninguém na América do Sul, e não enfrentamos nem um europeu sequer. A sorte é que temos excelentes atacantes, mas achei a convocação desequilibrada. Tite deveria levar mais dois zagueiros e mais um volante e apenas seis atacantes.
Eu acredito que não será diferente das últimas Copas. Deveremos passar da primeira fase e até das oitavas de final, desde que não enfrentemos Portugal. E se não cairmos nas oitavas, cairemos nas quartas, provavelmente, contra a Alemanha. Não acredito nesse time do Tite com Daniel Alves, Thiago Silva, Gabriel Jesus e Martinelli”.
João Vítor Marques, correspondente do Superesportes e do Estado de Minas na Copa do Mundo do Catar
“Se avaliarmos individualmente, o Brasil não tem o elenco mais talentoso da Copa do Mundo. O grupo convocado conta com muitos destaques internacionais, mas o grande trunfo desta Seleção é o funcionamento coletivo. E isso se deve, em grande parte, à manutenção de Tite no comando técnico.
Com seis anos no cargo, o treinador deu oportunidades a quase todos os que mereceram (apesar de uma injustiça ou outra). Neste ciclo, observou de perto quase 90 jogadores, jogou 50 vezes e só perdeu três. E um time que pouco perde aumenta, obviamente, as chances de ir longe no Mundial.
Mais que isso: time que toma pouco gol está bem perto de qualquer taça. Das 50 partidas disputadas após a Copa do Mundo da Rússia, foram 33 sem ser vazado. É exatamente no ótimo sistema defensivo que aposto ser a chave de um eventual sucesso do Brasil.
Ao mesmo tempo, Tite sempre fala em ter um time equilibrado. Ofensivamente, nossas principais armas são mesmo Neymar, que vai jogar centralizado, e essa ótima geração de pontas (Vini, Raphinha, Martinelli, Rodrygo, Antony…). Mas duvido que comecemos os jogos do mata-mata com quatro atacantes de origem, como foi testado na última série de amistosos”.
Jorge Nicola, colunista do Superesportes
“Para mim, o Brasil é o principal favorito ao título, embora a gente precise relativizar os favoritismos em Copas, pois estamos falando de um torneio que a partir das oitavas passa a ser só mata. Qualquer favoritismo em Copa do Mundo é menor do que em torneios de pontos-corridos ou até mata-mata.
De qualquer forma, vejo a Seleção Brasileira como a mais completa. Sistema defensivo extremamente sólido, um trabalho de seis anos com experiência da comissão técnica em Copa do Mundo, e, especialmente, uma melhoria gigante no ataque. Ofensivamente, o Brasil evoluiu muito de 2018 para 2022.
O que me preocupa é o fato de a Seleção ser muito nova – são 16 novatos em Copa do Mundo, isso pode se tornar um problema – e as laterais. Eu não gosto, tenho ressalvas quanto aos quatro laterais convocados. Acho que há uma dificuldade”.
Kelen Cristina, colunista do Estado de Minas e subeditora do Superesportes
“Tite leva para o Catar um grupo coerente com o trabalho que vem fazendo, sobretudo a proposta que determinou desde o fim da Copa de 2018, de abrir espaço para novos jogadores – o que era mesmo necessário. As presenças de Antony, Vinícius Júnior, Rodrygo, Raphinha e Richarlison renovaram o Brasil como time na essência.
Ao mesmo tempo, o técnico não abre mão dos homens de confiança, como Thiago Silva e Dani Alves, que foi a única polêmica da lista final da Copa. Claramente, a escolha pelo lateral ultrapassou a questão técnica. Esse também é um traço de Tite: a valorização do ambiente de grupo.
Justamente por essa regularidade, até previsibilidade, do grupo, a Seleção chega ao Catar com uma espinha dorsal definida e uma identidade sólida. É uma equipe forte ofensivamente, que oferece variações de jogo e tem fôlego para chegar longe na Copa”.
Marcos Paulo Lima, autor do blog “Drible de Corpo” e subeditor do Correio Braziliense
“Raríssimas vezes o Brasil fez um ciclo de Copa tão organizado. O trabalho teve início, meio e fim depois da traumática eliminação contra a Bélgica, em 2018. A Copa América de 2019 aparentava indicar um caminho correto, mas a edição seguinte, em 2021, destruiu certezas. O vice diante da Argentina forçou Tite a rever o sistema de jogo.
O bi do Brasil nas Olimpíadas de Tóquio, também em 2021, pavimentou o caminho para mudanças. Nomes como Bruno Guimarães, Antony e Martinelli ganharam força. Paralelamente, Vini Jr evoluiu no Real Madrid e Raphinha se apresentava no Leeds como solução para a ponta-direita.
Os pontas viraram o ponto de mudança, Tite quer ganhar o hexa dando poder aos extremos. O Brasil terá velocidade, drible, assistências, gol, variações e peças com capacidade de assumir mais de uma função. Em contrapartida, Tite precisa ser rápido quando a situação de jogo se mostrar complexa. Ele demorou a intervir, por exemplo, nas derrotas para Bélgica e Argentina.
A maior preocupação é com a quantidade de estreantes. Os 16 marinheiros de primeira viagem precisam ter um apoio psicológico a fim de que não sintam o peso da camisa e do torneio e travem. Ao menos há uma coincidência. Em 2018, a França também teve 16 novatos na Copa e levou a taça”.