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Como resolver o impasse do Novo Ensino Médio?

Nas últimas semanas, as mídias trouxeram insistentemente a discussão sobre a revogação da Lei que instituiu o Novo Ensino Médio. Opiniões diversas oscilaram de um lado a outro, fazendo-me lembrar de Saussure, o iminente linguista e filósofo francês, quando afirmou que o “ponto de vista cria o objeto”. Vi-me diante de distintos objetos, construídos a partir das experiências singulares dos que estão participando dos debates e das reivindicações. Certamente, cada um desses interlocutores enxerga a implantação da Reforma com as lentes que possui e de acordo com os interesses mais ou menos imediatos sobre o assunto.

No discurso repetitivo sobre a fragilidade da escola pública diante dos desafios da implantação, há dificuldades decorrentes da precariedade das redes, fruto de anos de ausência e/ou descontinuidade de políticas educacionais integradas. Isso pode nos remeter à pergunta: quais as políticas que foram ou não implantadas para que a realidade se apresente atualmente dessa forma?

Argumenta-se, também, que as escolas não estão preparadas para o Novo Ensino Médio. Sim, mas também não estão preparadas para o velho, pois os resultados obtidos pelos alunos em provas externas revelam decepcionantes índices de aprovação. Excetuando-se algumas ilhas de bom desempenho, pode-se constatar que a escola brasileira não conseguiu apresentar resultados alentadores.

Revogar a Lei só afastará o desafio, mas não construirá uma escola competente. É preciso um conjunto de medidas integradas, um pacto de toda a sociedade para que os investimentos necessários sejam feitos com agilidade, num plano consistente de curto, médio e longo prazo que remova dificuldades e implante facilidades. Temos o diagnóstico. Falta a ação.

Na discussão sobre os entraves da Reforma, sem análise devida do ponto de vista pedagógico, politizaremos o diagnóstico ao invés de utilizarmos os dados já disponíveis para introduzir ajustes.

O discurso favorável à revogação da Lei apela para o sentido democrático que não pode desconsiderar a impotência da escola pública. Entretanto, é preciso levar em conta que a rede privada e muitas públicas já avançaram na respectiva implantação e, portanto, retroceder significa penalizar parte da população de alunos e de escolas.
 
A reforma do Ensino Médio no mundo é consequência das necessidades das novas juventudes num planeta em transformação. Discutir a revogação ou não da Lei sem esclarecer no que a Reforma contribui para o avanço das perspectivas de vida dos jovens é concordar com a miopia social, crente que a solução para o Ensino Médio está em velhos modelos e propostas.

Viviane Brito é CEO do Villa Global Education

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