O Parque Vida Cerrado, no oeste da Bahia, apresentou o seu novo morador, nascido no criadouro: Jorginho, um filhote de macaco da espécie bugio-preto, que, por sinal, não poderia ser mais curioso, por isso seu nome é uma referência ao desenho George, O Curioso Macaco. Apesar de ter nascido em março deste ano, seu nascimento só foi divulgado essa semana. O macaquinho é filho de Chico, resgatado após um possível atropelamento que fez com que seu braço direito fosse amputado, e de Amêndoa, vítima de tráfico.
Coordenadora do parque, a bióloga Gabrielle Rosa explica que a instituição costuma esperar antes de anunciar o nascimento dos macacos porque são espécies muito sensíveis. “A Amêndoa é mãe de primeira viagem, então a gente não sabia como ela ia reagir. No primeiro mês do nascimento do Jorginho a gente nem chegou perto, só o tratador que se aproximava para saber como estava o filhote e para evitar que ela o abandonasse, o que é muito comum entre os primatas. Passado o período crítico, anunciamos o sucesso da reprodução”, relatou a especialista.
Em abril foram feitos os primeiros exames no animal, quando comprovaram que ele estava bem de saúde e que realmente era um macho. O casal, Chico e Amêndoa, possui toda uma alimentação personalizada no recinto onde estão no parque e o filhote está super ativo e brincalhão. Gabrielle conta que a mãe até deixa as pessoas verem ele mais vezes, mas ainda existe todo um cuidado para evitar que ele seja abandonado.
“Se o filhote for abandonado na natureza ele morre. Na instituição, como já aconteceu uma vez com outra mamãe de primeira viagem, a gente assume os cuidados, mas é sempre melhor que não aconteça”, destaca a bióloga.
Agora a função do Parque Vida Cerrado é fazer com que Jorginho consiga crescer bem e, com aproximadamente um ano, o grupo de estudos começa a recomendar qual seria a melhor destinação para ele, se vai para outra instituição reproduzir com outra fêmea ou se ele irá para algum outro projeto de reabilitação e soltura, mas, segundo Gabrielle, existem poucas iniciativas desse tipo na Bahia.
“Os bugios são uma espécie social, vivem em bando, onde tem um macho dominante, que costumamos chamar de capelão, que é responsável pela segurança e alimentação do bando. São onívoros e frugívoros, com 70% da dieta feita de folhas e frutas da estação. Também oferecemos ração para melhorar a oferta nutricional. Além disso, eles também são insetívoros e possuem o hábito de ficar nas árvores cantando insetinhos”, detalha a coordenadora do parque.
Os macaquinhos também são arborícolas, o que torna difícil encontrá-los no chão, se isso acontecer é um sinal de que o animal pode não estar bem. Os bugios ainda são conhecidos como roncadores, pelo barulho de ronco que emitem, o que faz parecer que o som está vindo de um animal enorme, mas são apenas eles. É uma espécie pouco preocupante quando se fala de extinção, mas está como perigo na lista regional da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). “Animais dessa espécie têm, como principais ameaças, o tráfico, a destruição de seu habitat e a caça”, afirma a Gabrielle.
O recinto onde os macacos moram é todo adaptado, existem três casais separados e cada local possui cordas para passagens suspensas, redes e árvores nativas, simulando uma mata fechada. A reprodução entre Amêndoa, que chegou ao local em 2021, enviada por outra instituição, e Chico, resgatado em 2008, aconteceu de forma segura e observada.
Parque Vida Cerrado
O Parque Vida Cerrado (vidacerrado.org.br), possui 15 anos de existência, sendo o primeiro e único centro de conservação e educação socioambiental do Oeste da Bahia. O parque fica em uma área preservada de 20 hectares do bioma Cerrado, a savana mais rica em biodiversidade do mundo, possuindo ainda um criadouro científico para fins de conservação. Vale ressaltar que o local não tem visitação livre do público, apenas monitorada, o que o diferencia dos zoológicos.