A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) vai propor o indiciamento de mais de 100 pessoas. Esse número é maior do que o da CPMI do 8 de Janeiro do Congresso Nacional, que investigou os ataques ao Estado Democrático de Direito ocorridos no início deste ano. Apesar disso, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador do DF, Ibaneis Rocha, não serão incluídos na lista. A decisão tem levantado questionamentos sobre a imparcialidade da CPI da CLDF. Enquanto alguns defendem que a investigação deve se ater aos acontecimentos ocorridos no Distrito Federal, outros argumentam que é necessário abranger também os atos do ex-presidente e do governo anterior, que foram apontados como responsáveis pelos ataques. O presidente da CPI do DF, o deputado distrital Chico Vigilante (PT), elogiou o trabalho realizado pela CPMI do Congresso e afirmou que o relatório aprovado foi bem fundamentado e não apresentou erros. Ele espera que o Ministério Público analise o documento e ofereça denúncias com base nos crimes apontados.
No entanto, Vigilante deixou claro que a CPI da CLDF não investigará o comportamento de Bolsonaro, pois isso é de responsabilidade da CPMI do Congresso. Essa decisão tem sido criticada por alguns, que alegam que a CPI do DF deveria abranger todos os envolvidos nos atos antidemocráticos. O relator da comissão, deputado Hermeto (MDB), afirmou que seu relatório não será influenciado pela guerra ideológica entre direita e esquerda, ao contrário do que ele acredita ter ocorrido no relatório da CPMI do Congresso. Ele garantiu que terá elementos suficientes para pedir o indiciamento daqueles que forem considerados culpados. Segundo o emedebista, Ibaneis não será investigado, porque a comissão não tem poder para investigar autoridades locais devido à separação dos Poderes. Essa decisão tem sido questionada, uma vez que outras CPIs estaduais já investigaram e pediram o indiciamento de governadores.
Ibaneis Rocha chegou a ser afastado do cargo após os ataques ocorridos no 8 de janeiro. Ele recebeu alertas sobre os possíveis ataques, mas não reforçou as forças de segurança e até mesmo mandou abrir a Esplanada dos Ministérios. Essas ações têm sido criticadas e levantaram suspeitas sobre sua responsabilidade nos acontecimentos. Por fim, é importante mencionar que os militares ligados ao governo Lula não escaparão da investigação da CPI da CLDF. Os generais Gonçalves Dias e Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que ocupavam cargos de destaque durante os ataques, serão indiciados. Já os policiais ligados à cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal terão suas sugestões de indiciamento relativizadas, devido à atuação do deputado Hermeto, que é subtenente da PM-DF e busca aliviar a culpa dos agentes.