As atividades culturais e a indústria criativa (ECIC) movimentam mais de R$ 6,5 bilhões por ano na Bahia, de acordo com dados de um estudo feito pelo Itaú Cultural. O levantamento aponta a existência de aproximadamente 3,9 mil empresas da economia criativa no estado, responsáveis por empregar cerca de 5% dos trabalhadores baianos, com um rendimento médio de R$ 2.304, valor acima da média de R$ 1.795 pagos no estado.
Apesar da relevante produção cultural da Bahia e do significativo resultado econômico apontado pela pesquisa, a participação da economia da cultura e da indústria criativa no total de riquezas produzido no estado é de 0,47% do Produto Interno Bruto (PIB), participação seis vezes menor que a média nacional, de 3,11%, de acordo com a pesquisa do Itaú Cultural.
Leandro Valiatti e Eduardo Saron destacam relevância econômica da Cultura (Foto: Bruno Poletti/Divulgação) |
Para efeito de comparação, a participação das atividades culturais e ligadas à criatividade superaram, a participação da indústria automotiva, que respondeu por 2,1% do PIB nacional. Além disso, os dados mostram que a ECIC possui uma resiliência maior que o conjunto da economia em momentos de crise. Em 2020, a atividade cresceu, enquanto o PIB brasileiro teve uma retração de 3,9%.
A categoria que concentra o maior número de empresas na Bahia é a de publicidade e propaganda, com 1.086. Em seguida vem a moda, com 1.000. Os serviços de tecnologia da informação aparecem em seguida, com cinema, rádio e TV, entre as outras que compõem a economia criativa.
Os setores criativos reúnem moda, atividades artesanais, indústria editorial, cinema, rádio e TV, música, desenvolvimento de software e jogos digitais, serviços de tecnologia da informação dedicados ao campo criativo, arquitetura, publicidade e serviços empresariais, design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio.
Lupa sobre a cultura
O Observatório Itaú Cultural lançou, no dia 11, uma plataforma para mensuração do PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas (ECIC) no Brasil. A Cultura e Economia Criativa movimentaram R$ 230,14 bilhões em 2020, período mais recente na base de dados. Além disso, os dados mostram que 130 mil empresas no segmento empregam 7,4 milhões de brasileiros.
Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, explica que a 17 anos a entidade mantém um observatório da cultura, que tem como objetivo gerar pesquisas, inovação e conhecimento sobre o campo. “Desde o início, nós perseguimos uma constância e consistência de informações a respeito da cultura”, explica Saron, lembrando que a há 3 anos foi lançado o quadro de emprego e desemprego nas indústrias criativas. Além disso, o Observatório acompanha a exportação e importação de bens culturais e da indústria criativa.
Com o PIB da Indústria da Cultura e da Economia Criativa, o trabalho atinge um outro patamar, acredita. “É fundamental que sejamos capazes de provar que a cultura é relevante também do ponto de vista econômico, além de nos fazer humanos”, destaca.
Para Leandro Valiatti, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e consultor da indústria criativa, comprovar a relevância econômica das atividades culturais pode ajudar que a sociedade perceba os investimentos na área de outra maneira. “O que estamos construindo não é informação estatística, mas estamos trazendo uma narrativa sobre como visualizar a importância ecônomica das indústrias criativas”, explica. “Nós buscamos produzir massa crítica. Conhecimento e a partir disso avançar numa visão mais organizada para a cultura e mercado de trabalho”, diz.
O jornalista acompanhou o lançamento do PIB da Indústria da Cultura e da Economia Criativa em São Paulo a convite do Itaú Cultural.