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Daquilo que é seu

O agora é delicado, costumam dizer os delicados, sempre que o assunto é viver o presente com intensidade. Mas, sugiro que pensemos em termos de agoras, e nos variados presentes vividos intensamente ao longo da história. Recorremos vagamente ao argumento de Albert Einstein de que há mundos paralelos.

A ideia dessa crônica veio de uma leitura que fiz, com espanto quase infantil, apenas porque gosto dessas coisas desde a infância. Se penso em mim, quando criança, Lembro de estar sempre fascinada com o entendimento dos fenômenos de química e física. Onde os colegas enxergavam tédio científico, eu costumava ver poesia.

A matéria de que falei antes foi publicada no site da BBC, no primeiro dia de junho, esse mês que nos empurra, em fila nordestina, ao término do ano. O texto, assinado por uma moça chamada Dália Ventura, diz que pessoas que morreram estão vivas em algum lugar do passado e cita como fonte a pesquisadora Sabine Hossenfelde.

Muita calma nessa hora, Sabine não é uma médium espírita, muito menos uma dessas pastoras que afirmam ter ido até o inferno a passeio. Ela é especialista em física quântica e seus argumentos partem da Teoria da Relatividade, que diz que habitamos uma dimensão afetada por fatores como espaço, velocidade e tempo.

Nessa dimensão, nada pode ser medido sem considerar o deslocamento dos corpos no tempo-espaço e estes se dão, e são vivenciados, de modo absolutamente individual. O que os gênios do marketing intentam hoje, a entrega de experiências personalizadas, é o que experimentamos na prática, e inconscientemente, a vida toda.

Sendo assim, são falhas as nossas perspectivas comuns sobre passado, presente e futuro e a noção do agora, independentemente do quanto o vivamos intensamente. Pela lógica da “relatividade da simultaneidade”, e isso está no texto escrito por Dália Ventura, todo momento do passado ou do presente pode ser um agora.

É até “pensável”, se considerarmos o exemplo das estrelas, extintas há bilhões de anos, que vemos ainda, todas as noites, brilhando no céu do nosso planeta. Elas também existiram no passado em um Universo que resiste fora da órbita dos relógios, cujos ponteiros fatiam a nossa existência em anos, décadas, séculos.

No visor inteligente que levo no pulso, borboletas batem asas sempre que ergo o braço para ver as horas. De vez em quando, recebo o alerta para respirar um pouco. Será que os designers, tão atentos à simetria, homenagearam desta forma a Teoria do Caos? Talvez tenham lido o conto O som do trovão, de Ray Bradbury.

Não há modo melhor de concluir essa crônica do que citando a poeta Wislawa Szymborska. Eu a escolho no agora em que escrevo para você, que me lerá no seu próprio agora. O poema é As três palavras mais estranhas (pois elas são). “Quando pronuncio a palavra futuro/a primeira silabada já pertence ao passado”.

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