A programação especial de São João da Prefeitura vai encerrar no próximo domingo (25) com a realização do Festival Samba Junino, no Dique do Tororó. O evento terá início a partir das 15h, com o cortejo de dezenas de grupos tradicionais de samba junino e show de Tatau, com participações de Ninha e Reinaldo. O cortejo dos grupos de samba junino vai começar no viaduto Rômulo Almeida e seguir a Avenida Vasco da Gama, até o palco, localizado em frente à portaria da Arena Fonte Nova, no Dique do Tororó. A concentração está marcada para às 14h. O festival vai celebrar o movimento cultural genuinamente baiano que nasceu há mais de 40 anos em festas de terreiros de candomblé de bairros como Engenho Velho de Brotas, Fazenda Garcia, Tororó e Federação. Entre os grupos que desfilarão está o Samba Duro de Terreiro, do Uruguai, que é um dos maiores em atividade na capital baiana. Ao som de cantigas e batuques de samba duro, cerca de 30 grupos vão desfilar no mesmo estilo dos tradicionais arrastões nos bairros. O cantor Tatau, que no início da carreira fez parte do grupo “Samba Scorpions”, declara ter uma relação muito especial com o samba duro. “É um movimento que ajudei a difundir aqui e tenho músicas que foram uma das primeiras a reverberar para o grande público em relação ao ritmo, a exemplo de ‘Quero Ser Seu Namorado’. Então é uma satisfação esse convite e eu garanto que vamos entregar ao público um show que leva a tradição, a cultura e o profissionalismo. Estou ansioso e pronto para interagir com o público que já gosta de samba duro e também atrair os jovens para participar desse momento e multiplicar um ritmo e um estilo musical que é muito importante pra nossa cultura”, afirmou o cantor. Para o produtor cultural e presidente da Liga de Samba Junino da capital, Wagner Shrek, a festa vai garantir não apenas entretenimento para os cidadãos, mas também visibilidade para o movimento que é forte nas periferias e possui também impacto social. Os grupos possuem um calendário fixo de apresentações que inicia no período da Semana Santa e segue até o São João, além de desenvolver atividades pontuais em outras festividades. “É um movimento ancestral, da cultura do povo preto e que está tendo o reconhecimento como patrimônio. Estamos avançando e salvaguardando essa cultura que não se restringe à música. Os grupos estão ligados a atividades culturais e sociais com iniciação de crianças e jovens na música. Além disso, as apresentações, que são sempre realizadas nas ruas, também fomentam a economia das comunidades”, reforçou. Samba Junino O samba junino é derivado do samba de caboclo. Com o passar do tempo, diversos bairros de Salvador se tornaram expoentes do movimento cultural, como Liberdade, Nordeste de Amaralina, Santa Cruz, Vale das Pedrinhas, Alto das Pombas, Cajazeiras, Águas Claras e Canabrava. Símbolo de resistência, o samba junino deu origem ao pagode baiano que emplacou diversos sucessos nacionais na década de 90, com grupos como Gera Samba, Terra Samba e Companhia do Pagode. Por ser uma manifestação genuinamente soteropolitana, foi reconhecido, em 2018, como Patrimônio Cultural Imaterial de Salvador, pela Fundação Gregório de Mattos (FGM). O movimento surgiu em torno das casas de candomblé de Salvador, no bojo da religiosidade popular, presente nos terreiros e em muitas festividades de matriz africana nas festas de caboclo, iniciando suas manifestações nas queimas de Judas e encerrando no Dois de Julho, inclusive na sequência das rezas direcionadas aos santos juninos – Santo Antônio, São João e São Pedro. Representa, então, uma expressão cultural genuinamente soteropolitana, marcado pela rítmica do samba duro, disseminada há pelo menos 40 anos em diversos bairros de Salvador. Serviu como base para o surgimento de estilos musicais contemporâneos como o pagode baiano, projetando muitos artistas conhecidos do grande público como Tatau, Reinaldo, Ninha e Márcio Victor. O projeto São João em todo canto é uma realização do jornal Correio com patrocínio da Via Bahia e apoio da Larco Petróleo.