InícioNotíciasPolíticaDissolução da Assembleia se mostra aposta fracassada de Macron

Dissolução da Assembleia se mostra aposta fracassada de Macron

Uma aposta arriscada e perdida: o presidente Emmanuel Macron saiu muito enfraquecido da dissolução neste primeiro turno das eleições legislativas, e deve se preparar para um final turbulento do seu mandato de cinco anos, com uma imagem e um destino a serem reconstruídos.

O Reunião Nacional (RN) pode esperar uma maioria relativa ou mesmo absoluta. “É uma aposta fracassada”, destaca Adelaïde Zulfikarpasic, diretora-geral do instituto de sondagens BVA.

“Emmanuel Macron está em dificuldades, embora tenha se colocado como uma barreira contra a Nova Frente Nacional e depois contra o RN desde 2017”, acrescenta.

Esta dissolução “é um dos gestos mais imprudentes da história da Quinta República, baseado nas projeções mais absurdas”, acrescenta Vincent Martigny, cientista político da Universidade Nice Côte d’Azur e da École Polytechnic.

O chefe de Estado apostou numa esquerda dividida e na chegada do seu campo à segunda posição, atrás do Reunião Nacional, que obteve mais de 34% dos votos, segundo estimativas iniciais, na noite do primeiro turno.

A esquerda, tendo aderido à uma frente única, ficou finalmente em segundo lugar (28%), e forçará o campo presidencial a retirar-se múltiplas vezes se quiser bloquear a extrema direita.

“Isso realmente acelera a queda de Macron. As consequências para ele serão letais. Ele perderá tudo”, disse Vincent Martigny.

A sua maioria relativa – 250 dos 577 na Assembleia – vai desaparecer, com a perda de até 60 lugares, segundo as projeções mais pessimistas, independentemente do resultado do segundo turno, em 7 de julho.

Legitimidade O seu antigo primeiro-ministro, Edouard Philippe, já comentou os resultados, acusando o presidente de ter “matado a maioria presidencial”.

O chefe de Estado também está perdendo autoridade sobre o seu campo, “entre a exasperação e o ódio” desde a sua decisão prematura de dissolver a Assembleia, em 9 de junho, opina Vincent Martigny. “Estamos furiosos”, diz um integrante do grupo presidencial.

É também o fim da “super presidência” em vigor desde 2017, como um “mandato de sete anos” que está chegando ao fim, aponta um ex-ministro.

Quer Emmanuel Macron entre em coabitação com o RN, tenha de lidar com uma maioria alargada ou com um governo técnico, nada voltará a ser o mesmo.

É o fim do presidente que é, ao mesmo tempo, chefe do governo, da maioria e ministro, fazendo todos os anúncios e arbitrando todas as decisões. O futuro primeiro-ministro também terá legitimidade própria.

“Ele passará por um período de fraqueza. A questão é até que ponto ele terá consciência disso e saberá como administrá-lo”, prevê um apoiador.

“Vida impossível” A um mês dos Jogos Olímpicos é possível que haja manifestações e desordem diante dos olhos do mundo inteiro.

Durante sete anos, Emmanuel Macron mostrou-se seguro de si e do seu destino. “Ele acredita que sempre é possível virar a mesa e que, no fundo, ele foi feito para isso”, resume um executivo centrista.

Perante a adversidade, ele se apresentará como o guardião das instituições e valores republicanos, especialmente se estiver em coabitação direta com Jordan Bardella e, por extensão, Marine Le Pen. E tentar encontrar um lugar na história que não seja o do presidente da segunda dissolução fracassada, depois da de Jacques Chirac em 1997.

“Ele pode tentar durante um ano refazer a sua imagem e depois dissolver novamente, sob um pretexto ou outro, para encontrar uma maioria mais favorável”, esboça Mathilde Philip-Gay, sabendo que a dissolução já não é possível dentro de 12 meses.

Eleito em 2017 e 2022 com a promessa de bloquear a extrema direita, só tem uma opção se Jordan Bardella chegar a Matignon: garantir que Marine Le Pen não faça o mesmo em 2027, ao Eliseu.

Para um ex-ministro que o conhece bem, não há dúvida: “ele vai inviabilizar a vida (no campo oposto) e tentar se colocar em condições de nomear seu sucessor”.

“Se o RN falhar dentro de dois anos, talvez ele possa aparecer como aquele que dará à França um presidente não extremista em 2027”, admite um apoiador. “Mas a extrema direita não abre mão do poder quando o possui.”

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