O Festival de Verão será marcado por encontros. Artistas com mais tempo de estrada convidando ou sendo convidados por outras personalidades da música, mais jovens. A costura de encontros e reencontros foi pensada dessa maneira, até para simbolizar o retorno (ou reencontro) do próprio Festival com o Parque da Cidade, onde nasceu em 1999 e se criou durante 17 edições consecutivas até migrar para a Fonte Nova durante as últimas quatro.
Duas bandas quebraram o protocolo e não querem saber dessa história de convite. Quebrar barreiras deixando todo o mundo junto e misturado para contra-atacar um conceito cada vez mais presente no show business de empurrar artistas às carreiras solo faz parte da história das duas. É assim que Baiana System e Olodum vão colocar quase 30 músicos em cima do palco e fazer de seu show uma ode à coletividade.
Essa ideia de menos artista e mais banda é defendida por Russo Passapusso, um dos vocalistas do BaianaSystem há muito tempo. A onda dele é aquilombar, experimentar. E tem coisa melhor do que cozinhar com muita gente?
“É uma mudança de perfil no nosso país. Sai do ego do cantor, da pessoa, Russo como cantor, Lazinho como cantor, Lucas ou Vandal como cantor. Não importa. O melhor é o coletivo. A pandemia mostrou a necessidade do outro. Os movimentos da Bahia sempre foram muito coletivistas”, explica Russo.
Na quarta-feira (25), as duas bandas fizeram seu segundo ensaio no Estúdio M, que fica no bairro do Costa Azul, em Salvador. Já é possível cravar: escutar Rosa com a guitarra de Robertinho e CertoPeloCertoh com a levada de Mestre Memeu é incrível. A vontade que fica é de ver logo como será no palco. Artistas, todas e todos, foram unânimes em afirmar que naquele ensaio as duas bandas conseguiram chegar a um consenso e, ao final de 52 minutos, a comemoração foi gostosa como gritar um gol. O namoro antigo virou casamento.
Olodum e BaianaSystem começaram a se paquerar em 2022 e o primeiro beijo, por assim dizer, foi no Festival Sensacional, quando Russo tocou com o Olodum numa data simbólica: 2 de julho, dia da Independência da Bahia.
“Eu já tenho esse sonho antigo, corro atrás desse sonho há muito tempo [tocar junto com o Baiana]. O BaianaSystem tem tudo a ver com o samba reggae, com o Olodum. A banda tem algo que me encanta muito que é essa pegada visual, plástica”, diz Lucas di Fiori, vocalista do Olodum.
Lucas revela que, no início, a ideia das duas bandas juntas assustou a produção – mas nada que dois dedos de prosa não ajustassem. A aposta alta vale a pena. Será o dia do casamento.
“Queremos saber como a galera vai receber essas duas bandas, de vertentes musicais diferentes, e acho que vai ser um show marcante”, defendeu Lazinho, também vocal no Olodum.
O show ainda vai marcar o encontro de dois grandes mestres: Memeu, do Olodum, e Bira Marques, que assina o BaianaSystem e também é regente da Orquestra Afrosinfônica. Após o ensaio, Mestre Bira saiu correndo para o Metrô de Salvador, onde faria uma apresentação da Orquestra com Luedji Luna.
“Há muitos mestres. Elpídio é diretor do Olodum. Bira Marques é regentes da Orquestra Afrosinfônica. É incrível. Bira tocou na Banda Reflexus, que tocava e gravava músicas do Olodum. Guitarra, tambor, beats eletrônicos no meio do tambor, o que também é um desafio. Tito rege tudo no Olodum e João [Santana] no Baiana. São várias camadas gostosas”, defendeu Robertinho Barreto, guitarrista do Baiana System.
Olodunico de coração, Vandal disse que tocar com a banda que embalou sua vida e carnavais é a realização de um sonho e ele se sente honrado por representar o rap baiano num momento tão especial.
“O Olodum é é um dos pontos mais fortes de minha vida. A gente começou a namorar os timbres, os feats, os samples e agora no segundo ensaio conseguimos nos encontrar. Serei um representante de todos os favelados que acompanham o Olodum, a Bênção, o Carnaval, entendem a importância do Olodum. O BS é minha família, um processo de vida. Tenho certeza que é um processo de vida concretizado agora”, disse o artista.
BaianaSystem e Olodum fazem o sétimo show do último dia de Festival de Verão, o domingo (29). A abertura é às 16h, com show do Quabales no Palco Ponte. Logo depois, Xamã e Gilsons fazem o primeiro encontro no Palco Cais. A programação segue, de maneira alternada: Saulo e Marina Sena, Jão e Pitty, Luísa Sonza e Alcione. O show do Baiana fica entre Bell Marques e Léo Santana, que fazem apresentação solo no Palco Cais. O festival é encerrado com Ludmilla e Gloria Groove.
SERVIÇO
Festival de Verão Salvador 2023
Quando: sábado (28) e domingo (29)
Onde: Parque de Exposições (Av. Luís Viana Filho, 1590 – Itapuã)
Vendas: Na plataforma Sympla ou nas Lojas South dos shoppings Salvador, Paralela, Lapa e Bahia
Ingressos (quinto lote): Pista: R$ 196 | R$ 98 (Clube CORREIO: R$ 72, com 55% de desconto). Camarote: R$ 380 (Clube CORREIO: R$ 323, com 15% de desconto)