Na empreitada para reduzir os ataques do governo Lula à política monetária, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem adotado uma postura conciliatória para tratar do assunto.
Em evento organizado pelo banco BTG Pactual na manhã desta terça-feira (14/2), o chefe do BC disse ver com naturalidade os questionamentos de Lula e de apoiadores do Partido dos Trabalhadores (PT) sobre o nível dos juros no país.
“É justo questionar os juros altos, e é importante ter alguém no governo que faça isso. Faz parte do jogo e do equilíbrio natural. É trabalho do Banco Central melhorar a comunicação sobre suas decisões. Eu reconheço que poderia ter feito isso de forma mais frequente e didática”, afirmou Campos Neto.
Ontem (13/2), no evento comemorativo de 43 anos do Partido dos Trabalhadores, a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, negou a existência do problema fiscal e disse que Campos Neto “corrobora com a mentira, impondo um arrocho de juros elevados” no Brasil.
Apesar da postura aberta a críticas, o presidente do BC disse que o debate ocorreria em um ambiente mais saudável, caso as instituições brasileiras fossem fortalecidas.
Ele lembrou que o ruído das últimas semanas afetou o preço de ativos, como os juros futuros, indicador com influência sobre o custo da dívida do próprio governo.
“A experiência de outros países mostra que o primeiro teste da autonomia (do BC), como acontece geralmente em troca de governos, gera mais ruído. Mas, quando isso (a autonomia) sobrevive, então o sistema navega muito bem”, disse.