De acordo com dados do Ministério da Saúde, 1 a cada 10 mulheres sofre com a endometriose, doença caracterizada pelo crescimento anormal do tecido endometrial em regiões localizadas fora da cavidade uterina. Geralmente, esta anomalia acontece pela ação irregular do estrogênio, hormônio responsável pelo espessamento do endométrio. E além das questões comuns a respeito de sintomas e tratamentos disponíveis, a principal dúvida de mulheres jovens diagnosticadas com endometriose é sobre a possibilidade de engravidar.
Um dos pontos importantes a se esclarecer e desmistificar é que a paciente diagnosticada com endometriose pode sim engravidar. Porém, vale ressaltar que, em alguns casos, pode ser necessária a intervenção cirúrgica ou tratamento com reprodução assistida. A doença é uma patologia progressiva, que demanda tratamento urgente após o diagnóstico, sob o risco de comprometimentos funcionais, como obstrução intestinal ou do ureter, podendo ocasionar inclusive perda do rim.
Infelizmente, muitas mulheres só recebem o diagnóstico de endometriose quando já estão em fase avançada da doença. Por isso, recomendamos consultas periódicas com o ginecologista e nunca desvalorizar nenhum tipo de sintoma, como cólica menstrual. O diagnóstico precoce ainda é a maior chance de sucesso do tratamento.
Dependendo da evolução da endometriose, a fertilização in vitro pode se tornar a via mais indicada. Pelo procedimento, o óvulo é fecundado pelo espermatozoide em laboratório, formando embriões que mais tarde serão transferidos para o útero da mulher.
Vale ressaltar que nem toda mulher que tem endometriose tem infertilidade, mas 50% das mulheres que têm infertilidade têm endometriose. E quando a paciente consegue engravidar é fundamental que tenha acompanhamento médico feito por um especialista, com atenção a cuidados como manter boa alimentação, controle rigoroso do peso e evitar o estresse. Isso porque há risco de trabalho de parto prematuro ou aborto espontâneo.
Já em casos em que é constatada a infertilidade, a mulher deve se submeter a exames para ter certeza de que o causador do problema é a endometriose. Caso seja esta a conclusão, é necessário avaliar alguns fatores para saber qual seria o melhor procedimento, considerando-se o tempo de infertilidade, a idade da paciente e o estágio atual da endometriose. Com conhecimento dessas três informações, o médico especialista conseguirá definir o procedimento que melhor se adequar àquela situação.
Em alguns casos, a fertilização in vitro é indicada, principalmente quando há infertilidade masculina, obstrução das trompas da mulher ou reserva ovariana insuficiente.
Embora existam diversas opções de tratamento, e ainda a cirurgia, em último caso, vale salientar que a endometriose não tem cura. O tratamento deverá ser realizado ao longo de toda a vida da mulher, a fim de se acompanhar e evitar que a doença possa progredir. Hábitos saudáveis, com alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos, também fazem parte do tratamento e são fundamentais para o sucesso do tratamento.
Por | Dra Mariana Rodrigues