Alguns carros despertam desejos diferentes no soteropolitano. Nos últimos anos, destaco a segunda geração do Fiat Uno, que por ter um preço acessível se tornou cobiçado por onde passou em 2010. Lembro bem do “ó paí, ó”, que escutei algumas vezes numa passagem pelo Pelourinho.
O Renegade, primeiro SUV da Jeep produzido no Brasil, também foi recebido com curiosidade em 2015. O icônico Mustang e seu estrondoso motor V8 roubou olhares em 2018…
Agora, foi a vez do Taycan. “Carrão da zorra”, foi uma das frases que mais escutei quando rodava com ele por Salvador. “Vou pegar essa placa para jogar no bicho”, falou um admirador que foi rapidamente corrigido pelo seu parceiro: “jogue na Mega Sena pois esse é caro, pai”.
Realmente, o elétrico da Porsche não é barato, custa inicialmente R$ 629 mil e pode ultrapassar R$ 1,3 milhão a depender da configuração. A versão avaliada, a 4S, custa a partir de R$ 709 mil e se aproxima dos R$ 800 mil com os opcionais. Após falar desse preço para um casal que questionou sobre o carro na porta de um restaurante, o marido perguntou: “é melhor que um Tesla?”, respondi que era um Porsche.
Apesar de já ter construído diversos tipos de veículos, incluindo tratores, a Porsche é essencialmente um fabricante de carros esporte. Até quando partiu para a produção do Cayenne e do Macan, dois SUVs, a essência foi mantida.
Introduzir a eletrificação foi outro desafio para a companhia alemã, que já havia construído um modelo conceitual em 1898 – isso mesmo, há 125 anos. Mas o ronco dos motores faz parte da experiência a bordo de um esportivo. Com o Taycan, seu primeiro modelo 100% elétrico, a empresa provou mais uma vez que consegue romper tradições de forma competente.
O que ele tem
Nessa configuração, o coupé de quatro portas utiliza dois propulsores elétricos que entregam 430 cv de potência. No modo Overboost, a potência sobe para 530 cv e o torque máximo alcança 65,3 kgfm – que são entregues de forma quase instantânea. Dessa forma, a aceleração de 0 a 100 km/h é cumprida em 4 segundos. A velocidade máxima, eletronicamente limitada, é de 250 km/h.
É bom lembrar que estamos lidando com um veículo pesado: são 2.215 kg. Enquanto as máquinas elétricas que fornecem força são leves e vários agregados normalmente acoplados a um propulsor a combustão não são utilizados, o peso da bateria é alto.
Veja como foi a avaliação do Taycan 4S em Miami |
De qualquer forma, como é instalado no assoalho do carro, o acumulador de energia cumpre outra função: deixa o centro de gravidade baixo. E, por fim, o equipamento oferece uma ótima autonomia de 466 quilômetros em trânsito urbano a esse Porsche. O Inmetro é mais conservador, e aponta apenas 241 km. No entanto, avaliei esse veículo na Bahia e nos Estados Unidos e sempre consegui mais de 400 km.
A suspensão é adaptativa com bolsas a ar, com regulagem de altura pelos modos de condução, e ainda é um dos poucos carros elétricos a ter uma transmissão com mais de uma marcha.
São dois bagageiros, um na dianteira e outro atrás. No total, são 450 litros |
Se você tapar os ouvidos de um motorista habituado a guiar um Porsche e colocá-lo a bordo do Taycan, ele terá ao volante sensações muito familiares. E vai se surpreender com as acelerações mais vigorosas do elétrico. Há até um som artificial quando o condutor opta por um dos modos esportivos.
O Taycan 4S pode ser recarregado em corrente de até 270kW, precisando de apenas 22 minutos para a carga da bateria ir de 5% a 80%. Em um wallbox de 11kW, geralmente utilizado em residências, são necessárias 8 horas para um carregamento completo.