Então presidente da República, Lula poderia ter ficado com o relógio Cartier, avaliado em 60 mil reais, que recebeu de presente em 2005? E Bolsonaro, com o relógio Rolex, avaliado em 418 mil reais, que recebeu de presente em 2022?
Bolsonaro vendeu o Rolex, mas ao ver-se depois em apuros, recomprou-o, devolvendo-o ao acervo do Estado brasileiro. Quanto ao relógio Chopard, avaliado em 560 mil reais, que ele também recebeu de presente, ainda não se tem notícia.
Segue desaparecido outro relógio, da marca Patek Philippe, presenteado a Bolsonaro pela ditadura do Reino Bahrein. O valor das joias desviadas por Bolsonaro pode ser superior a 6,8 milhões de reais, segundo cálculos da Polícia Federal em julho último.
O Tribunal de Contas da União decidirá, hoje, se Lula poderá ficar com o Cartier ou se terá de devolvê-lo. O relógio foi dado a Lula pela Cartier. À época, não existia lei que estabelecesse limites para o valor dos presentes que os presidentes poderiam levar para casa.
Isso não os impedia, porém, de saber quando estavam diante de um presentinho, de um presente ou de um presentão; de um simples relógio ou de uma joia de alto luxo. À época de Bolsonaro, a lei estabelecendo limites já existia, e ele simplesmente a burlou.
Essa é a maior diferença entre um caso e outro, mas não é a única. Lula nunca escondeu o Cartier que às vezes carrega no pulso. Bolsonaro vendeu o Rolex para fazer dinheiro e ainda não esclareceu o que fez com o Chopard , o Patek Philipe e outras joias.
Lula estava em visita a Paris ao receber o Cartier. O Rolex de Bolsonaro entrou no Brasil na mala de um ministro e não foi declarado à Receita Federal. Na ocasião, a Receita apreendeu um kit de joias presenteadas a Michelle, mulher de Bolsonaro.