InícioEditorialEmpresário oferece  R$ 10  bi pelo controle da Braskem

Empresário oferece  R$ 10  bi pelo controle da Braskem

Uma nova proposta de compra do controle da Braskem está no páreo. A oferta é da Unipar, maior produtora de cloro e soda cáustica da América do Sul, que publicou fato relevante no último sábado (10) sobre a operação para a aquisição indireta das ações da petroquímica baiana. A empresa de Frank Geyer Abubakir, carioca radicado em Salvador, propõe o pagamento parcial das dívidas bancárias da Braskem e uma renegociação do restante.
 
A proposta já foi apresentada à família Odebrecht (da Novonor, antiga Odebrecht, sócia majoritária da Braskem) e aos bancos. O próximo passo é receber – ou não – um aceite formal de ambos. Isso deve ocorrer, segundo apurou a reportagem, até a próxima quarta-feira (14).  A Novonor, na proposta apresentada pela Unipar, poderá manter uma fatia minoritária indireta na petroquímica. 

O que a Unipar propõe é realizar uma oferta pública de aquisição das ações detidas por sócios minoritários e, “no momento adequado”, acrescentou a empresa em nota, negociar a participação da Petrobras na operação, “buscando um formato satisfatório para todas as partes envolvidas”.

A estatal controla 36,1% das ações da Braskem e a Novonor 38,3%. As ações que a Novonor possui na Braskem foram dadas em garantia a dívidas de quase R$ 15 bilhões junto a cinco bancos – três privados e dois públicos. “A proposta de aquisição da Braskem está consistente e aderente com o direcionamento estratégico comunicado ao mercado”, explica Maurício Russomano, CEO da Unipar.

Com a oferta presentada no último sábado, a Unipar vai disputar o controle da Braskem com o consórcio formado por Apollo (norte-americana) e Adnoc (dos Emirados Árabes). “Eu não sou um fundo que vai comprar para especular. Terei uma visão de longo prazo”, afirmou Frank Geyer Abubakir sobre os diferenciais da proposta da Unipar, criada em 1969, por seu avô, Paulo Geyer. 

Em fevereiro deste ano, os bancos credores da Novonor haviam estendido o prazo para que a empresa baiana vendesse sua parte na petroquímica.  “Temos uma postura de composição que resulta de mais de um ano de estudos e considerações, até chegarmos ao formato atual, que representa a melhor alternativa em um cenário com tantos stakeholders. Agora, passaremos à fase de discussão com todos os envolvidos, como é esperado em uma operação desse porte”, explicou Bruno Uchino, presidente do Conselho da Unipar, por nota.

Impacto na Bahia 

A Braskem, criada em 2002 pelo antigo grupo Odebrecht, é a principal empresa do Polo Petroquímico de Camaçari e responde por 29% da receita líquida do setor químico da Bahia, segundo dados da própria companhia.

Só aqui no estado estão instaladas oito das 40 unidades industriais da Braskem, que geram 6,6 mil empregos diretos e indiretos. Por aqui são produzidos eteno, propeno, benzeno e demais petroquímicos (indústria de base) e resinas termoplásticas. “Queremos fazer da Braskem uma empresa brasileira que investe no Brasil e atende às necessidades do país”, declarou Frank Geyer Abubakir.  “Nós precisamos dar à Braskem um equilíbrio na governança. Nós precisamos fazer da Braskem uma empresa brasileira que investe o Brasil atendendo aos interesses do Brasil. Montar essa estratégia. Trazer a empresa de novo para o patamar, à possibilidade não só de estar saudável, como de investir e trazer retorno à Bahia e ao Brasil”, completou.

Em 2022, a Unipar fechou o ano com receita líquida de R$ 7,3 bilhões e lucro líquido de R$ 1,3 bilhão, sem dívida negativa. Esse contexto, de acordo com pronunciamento oficial da empresa, levou a companhia a atingir, nos últimos meses, o maior valor de mercado de sua história. 

A companhia está presente no Brasil e Argentina e constrói, atualmente, uma nova planta, com capacidade instalada de 10 mil toneladas/ano de cloro. A fábrica estará localizada no Polo Petroquímico de Camaçari, para atender à demanda crescente da região por ácido clorídrico, hipoclorito de sódio e soda cáustica.

Frank Geyer Abubakir (foto: divulgação)

‘Precisamos dar a Braskem um equilíbrio na governança’

Frank Geyer Abubakir nasceu no Rio de Janeiro, mas se considera baiano. Ele morou em Salvador durante a juventude, chegou, inclusive, a ingressar no curso de Direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Sua família é uma das pioneiras da indústria química no Brasil. Seu avô, Paulo Geyer, ainda nos anos 1960, fundou a Unipar. A empresa, atualmente, é a maior produtora de cloro e soda cáustica da América do Sul, tem unidades na Bahia, e fechou 2022 com receita líquida de R$ 7,3 bilhões, lucro líquido de R$ 1,3 bilhão e sem dívida negativa. Ele defende que a proposta da Unipar tem um importante diferencial das feitas por outros grupos pelo controle da Braskem, que é a de assegurar que a petroquímica continuará investindo e criando empregos na Bahia. 

A Unipar concorre com outro consórcio. Quais os diferenciais da proposta da empresa? 
 Minha família fundou o setor petroquímico brasileiro na década de 60. Eu sou industrial e faço isso. Eu não sou um fundo que vai comprar para especular. Eu terei uma visão de longo prazo, porque eu faço gestão de petroquímica. O fato de eu ser baiano faz toda a diferença. Fundamos uma fazenda de energia no centro-sul da Bahia e estamos implantando uma planta de cloro soda em Camaçari. Essa é novamente uma possibilidade de cuidar e investir no estado, onde tenho um instituto, que leva o nome da minha esposa [Flávia]. Além da nossa proposta ser melhor, eu sou baiano, ou seja, há uma convergência de interesses. 

Se a proposta der certo, qual será o impacto na economia baiana? 
Primeiro, seria reduzir o endividamento da empresa para que a gente possa voltar a ter a capacidade de investir na Bahia. A Braskem deve hoje R$ 25 bilhões. E esse nível de endividamento tem crescido muito nos últimos trimestres. O que queremos é fazer isso: diminuir essa dívida para voltar a investir.

 Quais as principais necessidades da Braskem hoje? 
Nós precisamos dar a Braskem um equilíbrio na governança. Nós precisamos fazer da Braskem uma empresa brasileira que investe no Brasil atendendo aos interesses do Brasil. Precisamos montar essa estratégia.  Trazer a empresa de novo para o patamar de não só estar saudável, mas também com capacidade de investir e trazer retorno à Bahia e ao Brasil. Investir mais e gerar mais riquezas para todos é uma preocupação. Essa é uma empresa que gera uma gama de riquezas, com muitos empregos diretos e indiretos. 

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