Dois tiroteios assustaram os moradores e comerciantes do bairro de Valéria, em Salvador, nesta segunda-feira (30). Por causa da sensação de insegurança, o comércio de rua foi fechado, colégios suspenderam as aulas, o transporte público só começou a circular depois das 8h. Já os transportes alternativos não rodaram no local.
Moradores contaram ao CORREIO que grupos criminosos entraram em confronto pelo domínio de territórios para o tráfico de drogas, entre 5h e 6h de segunda, na região da Boca da Mata. No mesmo horário, outros disparos foram ouvidos no final de linha do Derba. No fim da tarde, houve um novo tiroteio na rua do Lavrador.
Ainda segundo a população, à tarde, homens armados deram ordens para que os comerciantes fechassem os estabelecimentos. A suspensão do transporte público até às 8h da manhã, dificultou o deslocamento de trabalhadores. Quem tentou buscar as vans como alternativa também não conseguiu.
Por causa da violência, pelo menos três escolas não funcionaram normalmente ou tiveram as aulas suspensas. A direção do Colégio Estadual Professora Noêmia Rêgo enviou uma nota para pais e professores informando que a presença não era obrigatória. A Secretária Estadual de Educação (SEC) reiterou que a escola estava aberta, mas não informou quantos alunos foram às aulas nesta segunda.
A Escola Municipal São Francisco de Assis fez o mesmo, mas desta vez, o aviso informava a suspensão das atividades. A Secretária Municipal de Educação (Smed) disse que esta foi a única unidade da pasta a ter decretado o cancelamento. A escola particular Moderninha de Valéria também não funcionou. A reportagem tentou entrar em contato com a direção, mas não houve retorno.
“Estamos todos apavorados. Já não estamos aguentando mais. Isso é rotina aqui”, disse uma moradora, que preferiu não se identificar. De acordo com ela, a base móvel instalada na região não tem sido suficiente para conter a ação de criminosos no bairro. “Tem uma base, mas o episódio acontece em outros pontos e quando a polícia chega eles somem no mato”, completou.
Em nota, a Polícia Militar (PM-BA) informou que não houve registros de troca de tiros na região nesta segunda-feira (30), e que o policiamento segue reforçado.
Confrontos
Apesar de não confirmar as ocorrências ao longo do dia, a Polícia Militar informou ao CORREIO que no domingo (29) entrou em confronto com criminosos no bairro. Na situação, equipes da 31ª CIPM receberam informações sobre a presença de homens armados e disparos de arma de fogo, pela tarde, na região do Conjunto Engenheiro Antônio Franco. Em nota, a PM disse que ao chegar no local, os militares foram recebidos por disparos de arma de fogo, houve o revide, mas ninguém foi ferido. Foram realizadas diligências no local e nenhum suspeito ou vítima foram encontrados.
Ao menos três tiroteios foram registrados na última semana no bairro. No domingo (22), durante a madrugada, houve uma troca de tiros entre a polícia e criminosos na localidade conhecida como Favelinha. Um homem foi baleado após confronto e socorrido ao Hospital do Subúrbio.
Outras duas pessoas foram baleadas e morreram em Valéria. O primeiro caso aconteceu na madrugada de sexta-feira (20), na Rua do Lavrador. Segundo a PM, os policiais se depararam com um grupo de homens armados que atirou contra eles. Os militares então revidaram. Após a troca de tiros, foi encontrado um suspeito ferido vestindo um fardamento camuflado e portando uma pistola calibre 9mm. Ele foi socorrido para o Hospital do Subúrbio, mas não resistiu aos ferimentos. O armamento foi encaminhado ao DHPP, onde a ocorrência foi registrada.
O segundo confronto aconteceu nesse sábado (21), quando os policiais entraram em uma área de mata, onde foram localizados e desfeitos acampamentos utilizados como esconderijos por criminosos. Durante as ações, os policiais se depararam com um grupo de suspeitos que efetuou disparos contra os militares. Houve revide e, após a troca de tiros, um suspeito ferido foi encontrado. Segundo a polícia, ele foi socorrido para a UPA de Valéria, onde não resistiu aos ferimentos.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo