As exigências feitas pela Marinha para autorizar a construção da Ponte Salvador-Itaparica paralisaram por tempo indefinido o início das obras. De acordo com técnicos graduados que atuam na secretaria executiva responsável pelas parcerias público-privadas (PPPs) do governo estadual, as condições estabelecidas pelos militares impõem alterações substanciais no projeto original. O que vai elevar ainda mais o orçamento previsto no contrato de concessão com o consórcio chinês e atrasar os planos para retirar a obra do papel no primeiro semestre. A começar pela dragagem que permitirá a realocação do canal de acesso ao Porto de Salvador e pelas mudanças no traçado, após a Marinha exigir a transferência do vão central para outro trecho da ponte.
Grana curta
Para cumprir as determinações e destravar a obra será preciso que o estado injete antes quase meio bilhão de reais, segundo estimativas preliminares da equipe que toca o projeto. Entretanto, o governo baiano não tem recursos disponíveis em caixa para bancar a conta.
Invasão de terreno
Negociações travadas silenciosamente têm potencial para implodir as intenções do governo do estado de implantar uma fábrica de carros elétricos da companhia chinesa BYD onde funcionava o complexo da Ford, localizado em Camaçari. Nas últimas semanas, emissários do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), deflagraram uma ofensiva para tentar convencer a BYD a desistir da Bahia e construir a unidade em Campo Largo, no interior paranaense. Para seduzir a gigante asiática, Ratinho Júnior ofereceu um pacote que inclui o espaço da Stellantis voltado a produção de motores para montadoras do grupo automotivo, como Fiat e Jeep, desativado desde novembro de 2022.
Fator Ford
A investida sobre a BYD ocorre em meio ao impasse com a cúpula da Ford, que se recusa a ceder para o governo as instalações físicas do complexo e o porto privado sem contrapartida financeira. Caso as tratativas se arrastem, o Paraná pode pulverizar a iniciativa idealizada na reta final da gestão de Rui Costa (PT). Para completar, os paranaenses possuem hoje o segundo maior polo da indústria automotiva no Brasil e abrigam marcas como Volkswagen, Renault, Audi, Volvo e New Holland.
Pressão total
Preocupado com a queda nos repasses da União por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), efeito da redução populacional apontada na prévia do novo Censo, o prefeito de Vera Cruz, Marcus Vinícius (MDB), adotou a estratégia de marcação cerrada sobre os moradores da maior cidade da Ilha de Itaparica. Para isso, espalhou carros de som pelos diversos distritos do município, convocando cidadãos que ainda não foram entrevistados a entrar em contato com o IBGE, através dos canais digitais ou telefônicos do Censo, e solicitar a visita dos agentes do órgão.
Perdas e danos
A campanha pró-Censo do prefeito de Vera Cruz traz também mensagens de alerta sobre a iminente perda de receita e o consequente corte de investimentos na cidade.
É preciso intensificar o diálogo em torno dessa medida doTCU que pode reduzir os repasses para quase 25% das cidades baianas. A medida leva em conta o Censo, que ainda não foi finalizado Paulo Azi, deputado federal reeleito pela União Brasil, ao defender que o cálculo do FPM só ocorra após a conclusão do levantamento