InícioEsportesAutomobilismoF1: Clima de demissão e crise rondam Ferrari

F1: Clima de demissão e crise rondam Ferrari

 

Não é só a Mercedes que saiu pressionada após a primeira corrida da temporada da Fórmula 1. A Ferrari também teve uma semana de muita cobrança em Maranello depois de uma performance abaixo do esperado e com problemas de confiabilidade que o time acreditava ter deixado para trás. Embora a projeção seja melhor para a etapa deste final de semana, na Arábia Saudita, tudo aponta para uma mudança mais profunda no time.

 

 

 

É justo dizer que a Ferrari ainda é um time em construção após a chegada de Fred Vasseur em janeiro. Ele ocupou o lugar de Mattia Binotto, mas de maneira diferente. O francês não acumula os cargos de chefe de equipe e de diretor técnico. E assumiu responsabilidades que estavam na mão do diretor de corridas, Laurent Mekies, como a gestão de pilotos e marketing.

 

Mas as mudanças não pararam por aí. O engenheiro mais importante da parte de aerodinâmica do carro, David Sanchez, se demitiu. Ele tinha colocado seu nome no mercado quando ficou claro que Binotto não continuaria e se juntará a Andrea Stella na McLaren. Vasseur disse que não podia fazer muita coisa para manter Sanchez “porque muita gente é fiel a Binotto e também há aqueles que temiam por seu futuro.”

 

Não demoraram para aparecer outros rumores na Itália. A posição de Mekies já vinha sendo contestada, até porque a gestão do time de corrida, que é sua função, ficou bem aquém do esperado ano passado. E o nome dele voltou a surgir como dúvida neste fim de semana no jornal Corriere della Sera. Assim como o do chefe de chassi Enrico Cardile que, no momento, é efetivamente o diretor técnico. E mais, Vasseur teria chegado com poder menor do que Binotto, submetido às decisões do CEO Benedetto Vigna. O francês garante, contudo, que tem autonomia para trabalhar.

 

No lançamento do SF-23, Cardile assegurou que a velocidade final da Ferrari seria “sem precedentes”. Isso não se concretizou na primeira corrida do ano, em um circuito em que a potência conta bastante no Bahrein, em que, de quebra, Charles Leclerc abandonou por problemas justamente no motor.

 

A quebra teria sido causada por uma falha na montagem do cabeamento unindo o chassi à unidade de potência, um erro humano. E isso causou o problema na central eletrônica. A Ferrari já tinha visto uma anomalia nos dados após a classificação e trocou a peça. O mesmo aconteceu com a bateria. Ao longo do campeonato, cada piloto pode usar duas centrais eletrônicas e baterias sem punição, e apenas a primeira das usadas por Leclerc poderia ser salva. Ou seja, as punições devem começar mais cedo para o monegasco.

 

É claro que uma corrida apenas não é motivo para um desmonte. Mas, assim como na Mercedes, o problema é a insistência em saídas que não estavam dando resultado. O novo chefe Vasseur é conhecido por ser bastante prático e direto.

 

Mas ele não tem pressa, ou ao menos deixou claro até aqui que não estava chegando com a ideia de mudar tudo de uma hora para a outra, mas sim compreender o que não funcionava. Ao que parece, ele não terá essa chance.

 

Até porque um ponto latente em Maranello é a renovação de Charles Leclerc, cujo contrato vai até o final de 2024. Ele seria o plano B da Mercedes caso Lewis Hamilton não renove e teria pedido uma reunião com o presidente John Elkann para deixar claro o que espera ver na Scuderia, de acordo com a Gazzetta dello Sport. Elkann não é de se intrometer na equipe, inclusive nem esteve no lançamento do carro, então a reunião tem um tom mais simbólico. Aliás, chamou a atenção uma longa e séria conversa que Leclerc teve com Sanchez a olhos vistos durante o teste da pré-temporada.

 

Ferrari espera melhor rendimento 

 

O problema do motor não foi o único da Ferrari no Bahrein. Eles tiveram falhas estruturais em um pilar novo para a asa traseira, que voltará a ser testado neste fim de semana, e também na parte inferior da aleta que cobre a asa dianteira na classificação.

 

Mas o principal foi o desgaste de pneus. A equipe julga que dados divergentes entre o que aconteceu na pista e o que foi simulado atrapalharam as decisões de acerto. E fizeram com que o carro ficasse com a traseira muito arisca, escorregando e acabando com os pneus. Ou seja, ao contrário da Mercedes, não há questionamentos acerca do conceito do carro, que é bem diferente da dominante Red Bull. Mas, sim, das escolhas que não tiraram o máximo do equipamento.

 

A pista de Jeddah tem características bem diferentes. O asfalto é muito mais liso e o desgaste de pneus não é tão importante quanto no Bahrein. E não há curvas de raio mais longo e alta velocidade, nas quais a Ferrari teve mais dificuldade. É por isso que Vasseur acredita que a Ferrari está “mais perto da Red Bull do que da Aston Martin”, embora Carlos Sainz tenha sido ultrapassado por Fernando Alonso em Sakhir. “Mas depois de uma corrida é difícil avaliar, e também acredito que a Mercedes vai chegar logo. Em Jeddah, teremos uma imagem melhor.”

 

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