Uma pesquisa mostrou que as famílias chefiadas por pessoas autodeclaradas pretas ou pardas são mais atingidas pela fome no Brasil. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 26, e fazem parte do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II Vigisan). Segundo a pesquisa, 65% dos lares comandados por negros e pardos convivem com insegurança alimentar, sendo que 20,6% dos lares comandados por negros sofrem com a fome. O número é quase duas vezes maior do que o índice de famílias com chefes brancos (10,6%). Ao todo, 33,1 milhões de pessoas foram impactadas pela fome no Brasil entre novembro de 2021 e abril de 2022. A pesquisa mostrou que determinados recortes de raça e gênero estão mais vulneráveis. Os lares chefiados por mulheres negras, por exemplo, correspondem a 22% dos que sofrem com a fome, sendo quase o dobro do que os comandados por mulheres brancas, 13,5%.
Segundo a pesquisa, mais da metade (58,7%) da população sofre com algum grau de insegurança alimentar, sendo 28% com insegurança leve, 15,2% moderadas e 15,5%, grave. Com isso, o país regrediu ao patamar da década de 1990. Ainda de acordo com o levantamento, em um ano, 14 milhões de novas pessoas entraram em situação de fome. A pesquisa foi realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), com apoio da Ação da Cidadania, da ActionAid, da Fundação Friedrich Ebert Brasil, do Ibirapitanga, da Oxfam Brasil e do Sesc São Paulo. Ao todo, foram realizadas 12.745 entrevistas em 577 municípios dos 26 Estados e do Distrito Federal.