O empresário Josué Gomes da Silva, destituído da presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ganhou o apoio de nomes de peso da economia, do mercado financeiro e da sociedade civil que contestam a decisão da assembleia da entidade que o afastou do cargo.
Integrantes do chamado Comitê de Defesa da Democracia, grupo composto por investidores, intelectuais, empresários e sindicalistas, divulgou uma carta de apoio a Josué e em repúdio à sua destituição na Fiesp.
Assinam o documento nomes como o ex-presidente Banco Central (BC) Armínio Fraga; a socióloga e banqueira Neca Setubal; o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah; o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna); o diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Celso Campilongo; e o advogado e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Oscar Vilhena Vieira.
Em agosto do ano passado, o comitê organizou um ato em defesa da democracia, que reuniu centenas de pessoas no Largo de São Francisco, na Faculdade de Direito da USP. O movimento pedia respeito ao processo eleitoral e se tornou um ato de oposição ao então presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.
“Causa particular repulsa o fato de que pese contra a permanência de Josué Gomes na presidência da instituição o seu apoio ao ‘Manifesto em Defesa da Democracia e da Justiça’, organizado por este comitê e lido no dia 11 de agosto de 2022, no Salão Nobre da Faculdade de Direito do Largo São Francisco”, diz a carta.
No texto, os signatários comparam os pequenos sindicatos patronais que destituíram Josué da presidência da Fiesp aos vândalos que atacaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 8 de janeiro.
“Não se pode admitir que um pequeno grupo de pessoas ressentidas com o triunfo da democracia sobre o autoritarismo venha agora, em sintonia com aqueles que vandalizam nossas instituições, retaliar uma liderança empresarial exemplar, que sempre deixou claro ser a democracia o único caminho para que o Brasil supere os seus principais desafios”, diz a carta de apoio a Josué.
O texto diz ainda que o presidente destituído da Fiesp “foi essencial para que as eleições de 2022 ocorressem dentro da normalidade” e que um “pequeno grupo de pessoas ressentidas” decidiu retaliar “uma liderança empresarial exemplar”.
“A participação de Josué Gomes na defesa da democracia foi essencial para que as eleições de 2022 ocorressem dentro da normalidade, devendo ser motivo de orgulho para a classe empresarial brasileira”, afirmam os signatários do documento. “Como cidadãs e cidadãos irmanados na defesa do Estado Democrático de Direito, hipotecamos a Josué Gomes nossa integral solidariedade.”
Em assembleia realizada na segunda-feira (16/1), foram 47 votos pelo afastamento de Josué, duas abstenções e apenas um voto favorável à permanência do dirigente no cargo. Antes do placar final, os sindicatos votaram, por 62 a 24, pela reprovação dos argumentos de Josué aos questionamentos sobre sua atuação na presidência da Fiesp.
Em entrevista ao Metrópoles, na quarta-feira (18/1), o jurista e ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, advogado de Josué, classificou a assembleia como “clandestina” e disse que ele deve ser anulada na Justiça.