General recordou o marechal Cândido Rondon ao tentar explicar condução pacífica de vândalos: Morrer se preciso; matar, nunca’
Geraldo Magela/Agência Senado
Gonçalves Dias ouve Arthur Maia, presidente da CPMI do 8 de Janeiro
O general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), afirmou à CPMI do 8 de Janeiro que a destruição das sedes dos Três Poderes ocorreu por conta de uma falha da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). “Ao desligar o telefone com o general Dutra, olhei para a direção do Plano Piloto e vi os manifestantes começando a descer a pista do Ministério da Justiça, que é uma rampa. Assisti ao último bloqueio da Polícia Militar ser facilmente rompido antes que os vândalos chegassem ao Planalto. Aquilo não podia ter acontecido. Só aconteceu porque o bloqueio da Polícia Militar foi extremamente permeável”, disse G. Dias.
O militar citou mais de uma vez que GSI não foi convidado para uma reunião da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). O encontro resultou no Protocolo de Ações Integradas (PAI), que previa bloqueios e revistas de manifestantes no Buraco do Tatu (local na área central de Brasília, a 2,5 km de distância da Praça dos Três Poderes). “O PAI também previa como responsabilidade da polícia que nenhum manifestante ou veículo atingisse a Praça dos Três Poderes. O bloqueio do Buraco do Tatu foi feito. Entretanto, a revista prevista para ocorrer lá não foi feita. Os manifestantes romperam com facilidade o cordão de isolamento da PM e impediram a revista. Deveria existir depois daquele ponto um bloqueio total que impedisse o acesso à Alameda das Bandeiras e à Praça dos Três Poderes. Esse bloqueio, aparentemente, não existiu ou foi tênue, inexpressivo”, justificou o general, que ainda afirmou, por vezes, que o Plano Escudo da guarda presidencial foi acionado desde o dia 6 de janeiro.
G. Dias justificou ainda as imagens em que ele aparece junto a manifestantes no terceiro andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabinete do presidente da República. Ele afirmou que teve “ímpetos” de reagir e confrontar os vândalos, mas se controlou para cumprir a missão de evitar que destruíssem o andar onde ficava a sala presidencial. O ex-GSI cita um marechal do Exército Brasileiro para justificar a ação de forma pacífica. “Era preciso evacuar os manifestantes do prédio, prender o máximo de manifestantes possível e não permitir a escalada de violência, garantindo a integridade física dos presos com o mínimo de feridos e sem nenhum óbito. Eu estava desarmado e à paisana; havia saído de casa sem saber que tipo de situação encontraria e jamais esperei na minha vida aquela situação. ‘Morrer, se preciso; matar, nunca’ foi o lema do marechal Cândido Rondon, um dos patronos do Exército Brasileiro — o meu lema também sempre foi”, disse G. Dias. “Concentrei-me para retirar os vândalos do palácio o mais rápido possível, de preferência sem baixas e sem confrontos sangrentos. Só havia uma forma de fazer isso: de cima para baixo”, concluiu.