Depois de informar aos líderes da Câmara dos Deputados que prepara um pacote de pautas-bomba e CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) contra o governo, o presidente Arthur Lira (PP-AL) foi aconselhado por aliados a diminuir a temperatura na casa. A avaliação é que cacique sairia enfraquecido de um embate com Lula (PT), mesmo tendo o controle da Câmara.
Diante deste enfraquecimento, governistas acreditam que agora é a hora para serem mais categóricos contra Lira, que não conseguiu, por exemplo, articular a liberdade de Chiquinho Brazão (RJ), preso por suspeita de ser o mandante da morte Marielle Franco.
O momento seria propício para desafiar a sucessão do presidente da Câmara, que tem como favorito o líder do União Brasil Elmar Nascimento (BA), aliado de primeira hora de Lira. Não é a hora de lançar um candidato próprio, avaliam, mas a disputa ficou mais aberta com outros candidatos mais “governistas” como Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antonio Brito (PSD-BA).
Nem mesmo a abertura de cinco CPIs assusta tanto o governo, que vê apenas uma tentativa de Lira em superlotar os trabalhos da Câmara. As cinco investigações que podem sair do papel não tem capacidade de macular o governo, mas têm o poder de criar algum desgaste.
Diante disso, avaliam que mesmo Elmar perdeu poder. Ele foi um dos principais articuladores pela não manutenção da prisão de Chiquinho e perdeu, numa disputa acirrada.
Como o blog mostrou, a votação da prisão do deputado exibiu até onde vai o bolsonarismo. O teto de 129 votos, sem o apoio da esquerda e com o Centrão fragmentado, poderia significar um revés na sucessão do presidente da Câmara.
O governo articula também para ter maioria nas investigações que possam causar mais dor de cabeça a Lula, como a que investigará os supostos crimes sexuais contra crianças em Marajó (PA).