Filme “Ama mba’é Taba Ama” retrata a história de quatro indígenas tupinambás do Litoral Sul do estado.
Reverenciar a ancestralidade dos povos originários Tupinambá e homenagear os indígenas mortos há exatos 465 anos durante o massacre do Rio Cururupe, em Ilhéus. Com esses propósitos, a 24ª Peregrinação Tupinambá reuniu mais de 5 mil pessoas no último domingo (29) em caminhada por um trajeto de 7 km que sai da praça da Igreja Nossa Senhora da Escada de Olivença até a foz do Rio Cururupe, em Ilhéus, no Litoral Sul baiano. Reforçando as lutas que vêm sendo travadas desde a colonização, este é um momento de união para refletir sobre o presente e planejar o futuro dos povos indígenas de Olivença.
A 24ª Peregrinação Tupinambá também se transformou em set de filmagem no último final de semana e serviu de cenário para a gravação de imagens do longa-metragem baiano “Ama mba’é Taba Ama”. O filme mostrará a rotina de quatro indígenas tupinambás da Aldeia Tukum, em Ilhéus, que estão conectados com a força espiritual presente na vivência indígena, principalmente pela influência da cultura ancestral. O termo “O Ama mba’é Taba Ama” significa “Levanta, essa aldeia, Levanta” e dá o título ao canto de ritual em uma língua nativa tupi, que representa à luta do povo indígena local por conta da invasão do próprio território.
Durante a caminhada, que acontece desde o ano 2000, rituais relembram o massacre ordenado por Mem de Sá em 1559 onde nove quilômetros de corpos de indígenas mortos foram deixados entre a praia e a foz do Rio Cururupe. Nos dias atuais, há uma oportunidade valiosa de reunir diferentes gerações do povo Tupinambá, permitindo a transmissão de conhecimentos dos anciãos para os mais jovens. Além disso, há espaço para protestar em relação a temas de grande relevância para os povos originários, como regularização fundiária em territórios considerados “sagrados”, Marco Temporal e morte de indígenas devido à invasão de terras. Nesta edição, o retorno do Manto Tupinambá ao Brasil foi celebrado após permanecer na Dinamarca por mais de 300 anos.
“Escolhemos a caminhada para gravarmos as principais cenas, incluindo as finais, por ser uma região onde existem em torno de 20 aldeias do território indígena Tupinambá de Olivença. Fizemos os registros dos rituais que ainda seguem sendo realizados na aldeia Tukum Tupinambá, em Olivença. São rituais que reúnem os indígenas locais e de outras regiões, como Pataxó Hã-Hã-Hãe, que vêm para fortalecer a luta” observa Gal Solaris, cineasta e uma das diretoras do filme junto com a líder indígena Nádia Akawã Tupinambá. O longa-metragem tem a previsão de ser lançado no segundo semestre de 2025.