O Mapa da Fome, relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira, 12, expôs um alerta sobre a gravidade da crise alimentar. Em todo o mundo, mais de 122 milhões de pessoas foram empurradas para uma situação de insegurança alimentar desde 2019. De acordo com o estudo, cerca de 735 milhões de pessoas enfrentam a fome. A pandemia, as emergências climáticas e conflitos humanitários são apontados como os principais motivos para esta crise. O levantamento foi divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Em 2022, o relatório constatou que aproximadamente 29,6% da população global, o equivalente a 2,4 bilhões de pessoas, não tinha acesso constante a alimentos. Dentro desta quantia, cerca de 900 milhões de pessoas enfrentavam grave insegurança alimentar. No Brasil, 70,3 milhões de pessoas estavam em situação moderada o severa de falta de acesso à alimentação. A insegurança alimentar mais grave passou de 4 milhões de pessoas (1,9% da população), entre 2014 e 2016, para 21 milhões de pessoas (9,9% da população), entre 2020 e 2022.
A África continua como o continente mais afetado pela fome, com uma em cada cinco pessoas em situação de insegurança alimentar severa, o que representa mais do que o dobro da média global. De acordo com as agências da ONU que elaboraram o relatório, em 2030, quase 600 milhões de indivíduos ainda serão vítimas da fome. Se estes números se mantiverem, o objetivo de desenvolvimento sustentável de acabar com a fome até 2030 não será alcançado, como explicou o professor e pesquisador da FGV Agro, Felippe Serigati, em entrevista à Jovem Pan News: “Em condições normais já seria um grande desafio. De um lado, teria que aumentar a oferta de alimentos, ou melhorar fortemente as cadeias de distribuição, mas isso não basta. Porque a gente vai melhorar as cadeias de distribuição para chegar em um mercado que não tem tenda para comprar o produto. Ou seja, o que a gente precisa é gerar renda”.
Apesar dos dados preocuparem especialistas, Serigati apontou que há uma certa expectativa otimista para o futuro no caso do Brasil: “Diversas dessas grandes commodities, que são a base da alimentação brasileira, com exceção talvez do feijão, têm seu preço fortemente associado ao dólar. Então, quando o dólar fica mais barato, esses alimentos também ficam mais baratos. Por fim, vale destacar. de um lado, as políticas sociais. O reforço no caixa dessas políticas sociais, desde que bem focalizado, tende a melhorar a situação, principalmente dos mais vulneráveis e, o que eu acho que seria o principal desafio, retomar o crescimento econômico de forma sustentada”. De acordo com o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, a pasta deve lançar em breve um novo plano para retirar o país do Mapa da Fome: “Estamos trabalhando e já aprovamos na Câmara Integrada de Segurança Alimentar e Nutricional. São 24 ministérios trabalhando junto, integrados com Estados e municípios, com o setor privado e as entidades, garantindo um Brasil sem fome. Nós vamos ter as condições de ter muito em breve o lançamento do plano Brasil Sem Fome”.
*Com informações da repórter Letícia Miyamoto