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Instituto que vai assumir a Osba não garante permanência de projetos e músicos

Com o único projeto qualificado para a segunda fase do edital que decide quem vai assumir o comando da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), o Instituto de Densevolvimento Social pela Música (IDSM) divulgou um comunicado dizendo estar “entusiasmado” com a novidade e com detalhes do que planeja fazer no comando da instituição, caso se confirme como vencedor. Entre os pontos apresentados, o IDSM diz que músicos atuais da orquestra poderão ser entrevistados, caso desejem continuar, e não dá garantias em relação a projetos musicais que já existem atualmente.  “Este é um passo crucial para garantir que a transição para a nova gestão seja suave e respeitosa para todos os envolvidos”. No comunicado, o IDSM cita seus 15 anos de experiência promovendo desenvolvimento social através da música e diz que está “bem posicionado para fortalecer a Osba”. “Essa experiência acumulada nos permitiu aprender com grupos musicais do Brasil e do exterior as melhores práticas de gestão, assim como desenvolver uma visão mais atual da função do músico de orquestra numa sociedade como a nossa”, diz o texto. Um dos primeiros passos planejados é a criação de um Conselho Curador para a Osba. O conselho será responsável por tomar decisões estratégicas e promover a transparência, seguindo padrões internacionais de governança e sustentabilidade. Vão compor o conselhos membros representando a orquestra, a Secretaria da Cultura, o Conselho Estadual de Cultura e outros representantes da sociedade civil e da juventude orquestral. Todos os músicos que compõem a Osba atualmente terão a oportunidade de serem entrevistados, caso desejem seguir na orquestra, diz o instituto. Uma fonte ouvida pela reportagem diz que a proposta do IDSM traria explicitamente a informação de que eles pretendem dar a opção aos músicos contratados de serem absorvidos pela nova administração, se quiserem, sem necessidade de passar por seleção, mas  confira que será preciso passar por entrevista e aprovação da nova direção artística. A gestão pretende também fazer parceria com outras entidades como Neojiba, escolas de música, Secretaria de Educação e ações musicais da Funceb. Além disso, há uma proposta para criação do Setor de Integração, Diversidade e Educação (Side) na Osba, buscando promover a inclusão com artistas, grupos experimentais e representantes de várias expressões culturais. “Acreditamos que a rica diversidade cultural da Bahia deve ser celebrada e incorporada em todas as facetas da Osba”, diz o comunicado. Decisão por lutar pela gestão da Osba No texto, o IDSM diz que resolveu concorrer para assumir a gestão da Osba por acreditar no “imenso potencial” da orquestra e ver a necessidade de “enfrentar certos desafios que surgiram nos últimos anos”. “Reconhecemos os avanços significativos realizados pela Osba desde a publicização da orquestra em 2017, particularmente no que se refere ao aumento do seu corpo estável e à sua maior aproximação com o público local. No entanto, percebemos que ainda há espaço para melhorias em várias áreas”, avalia a nota. O comunicado diz que o IDSM está entre as instituições que mais captam recursos no Norte e Nordeste, tendo captado mais de R$ 35 milhões para o Neojiba, e agora “se compromete a trazer mais recursos extras para a Osba”. O instituto cita também a atual reforma do TCA e diz que deve-se considerar que serão necessários outros espaços para a Osba. “Neste sentido, o IDSM é certamente a instituição mais bem preparada e equipada para atravessar esse período, oferecendo um mínimo de impacto financeiro para o estado e condições adequadas de trabalho para a orquestra”, diz. Outra meta deles é que todas as apresentações sinfônicas sejam realizadas com um efetivo orquestral mínimo de 54 músicos, sendo a maioria com efetivo completo. Novo regente O comunicado reafirma que Cláudio Cruz deve ser o novo regente e diretor artístico da Osba. O músico é maestro e violinista e começou seus estudos na área ainda na infância, com o pai. Posteriormente estudou com grandes nomes como Erich Lehninger, Maria Vischnia, Olivier Toni, Chaim Taub, Josef Gingold, Kenneth Goldsmith, entre outros. Graduouse em filosofia pela Unifran (Universidade de Franca) e atualmente cursa o Doutorado em Música na Unesp (Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho). Ele teve o primeiro cargo como regente e diretor musical em 2001, na Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Desde 2012, Cruz é regente e diretor da Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. O músico se aproximou do Neojiba por conta do seu trabalho com jovens, diz o comunicado. Ele conheceu o programa há alguns anos, a convite do maestro Ricardo Castro, e tem acompanhado ao longo dos anos o desenvolvimento. Em 2020, ele foi convidado a reger a orquestra. “Cruz aceitou prontamente o convite do IDSM para participar como diretor artístico e regente da Osba proposta submetida ao edital aberto pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. O maestro teve imediatamente a certeza de que poderiam, ele e o IDSM, construir juntos uma boa gestão, que causará impactos importantes na cultura local”, diz o comunicado. A expectativa de Cruz à frente da Osba é de poder realizar um “trabalho musical amplo, contemplando diversos repertórios e estilos musicais”. “Caso o IDSM seja confirmado como gestor da Osba, Cruz espera apresentar uma programação rica, com a inclusão de concursos para jovens solistas e compositores, comissionamento de novas obras de estilos variados, além de séries de música de câmara e oncertos em outras cidades e estados. Posteriormente, o maestro também espera programar peras, balés”, acrescenta o comunicado. O IDSM destaca que o músico acredita na inclusão de grandes compositores no repertório, citando Mahler, Strauss e Stravinsky, para além de contemporâneos, o que pode “ampliar o nível artístico da orquestra”, exigindo “maior número de ensaios e intensificação do estudo pessoal”. Novos projetos da Osba Ideias de alguns novos projetos já estão sendo trabalhadas e devem ser apresentadas ao Conselho, caso o IDSM seja confirmado no comando da Osba. O comunicado destaca algns, como a série “Mimos”, em que os músicos terão oportunidade de atuar junto às comunidades. “Ao se envolverem ativamente em concertos inclusivos, os músicos de orquestra terão a chance de estabelecer conexões diretas com comunidades vulneráveis e compartilhar a beleza e a emoção da música de concerto com pessoas que normalmente não teriam acesso a ela”, diz o texto. Outra ideia é a de concursos para jovens solistas, em busca de de novos talentos. Outro concurso que o IDSM pensa em fazer é um de composição e arranjo, que deve ser anual. Já série “Música de Câmara” deve acontecer mensalmente. “A música de câmara, caracterizada pela participação de um número reduzido de músicos e pela riqueza do repertório existente, propicia um ambiente íntimo e um espaço para a exploração das nuances musicais”. O IDSM não se alonga sobre os proejtos e séries atuais da Osba, dizendo que “todas as decisões da direção artística serão tomadas após a consulta ao Conselho Curador da Osba”. Leia a nota completa: Pautas No edital público da seleção, é exigido que os candidatos elaborem uma proposta e um plano de trabalho que são submetidos à Comissão Julgadora da Secult-BA. Nesses documentos, as metas para o tempo de gestão devem estar discriminadas, contendo o número de espetáculos em Salvador e no interior da Bahia, número de realização de oficinas para grupos diversificados, fórum de discussão de conteúdo artístico, plano de mídia e outras ações de serviço. O CORREIO buscou o IDSM e a Associação dos Amigos do Teatro Castro Alves (ATCA) para ter acesso às propostas detalhadas das duas organizações sociais enviadas à Secult-BA, mas ambas afirmaram que não poderiam divulgar o documento e aconselharam o contato com a Secult-BA. No documento divulgado hoje, o IDSM publicizou parte da sua proposta. Por e-mail, o órgão estadual indicou acesso virtual ao Portal do SEI, onde estaria o parecer técnico das duas propostas. Mesmo seguindo as orientações, a reportagem não encontrou no portal indicado ou mesmo no site da entidade o referido parecer. Houve tentativas de contato com o órgão novamente após isso, via telefone, mas sem retorno até o fechamento desta matéria. Embora sem acesso às metas do IDSM e da ATCA, a reportagem verificou que o contrato de gestão, disponibilizado no edital público, estabelece que durante o primeiro ano de vigência deve haver, por parte da Secult-BA, a disponibilização de 25 pautas para a futura gestão da Osba na Sala Principal do Teatro Castro Alves, com capacidade para 1.554 espectadores. Da mesma forma, três apresentações devem ser destinadas à Osba na Concha Acústica do TCA, com capacidade para 5 mil espectadores. Para o segundo ano de vigência, o número de espetáculos na Sala Principal aumenta para 34 e o número de concertos na Concha Acústica de mantém. No processo seletivo que resultou na definição da ATCA como gestora da Osba em 2017, foi aprovada a proposta que estipulava a realização de 12 apresentações da orquestra em Salvador e duas no interior baiano durante o primeiro trimestre de contrato. Além disso, foi determinada a avaliação positiva de 70% dos espectadores dos concertos apresentados, meta de descumprimento zero de cláusula contratual, elaboração e realização de programa de Extensão. Requisitos Para o cumprimento dessas metas, é necessária, antes, a entrega de uma metodologia de trabalho, que precisa conter uma proposta para consulta da satisfação dos usuários e para acolhimento de manifestações, planos de cargos, salários e benefícios, além da minuta do regulamento de seleção e contratação de pessoal, e da minuta do regulamento de compras de bens, locação e contratação de obras e serviços. Também é necessária a comprovação da capacidade técnica dos atores, ou seja, da Entidade, Diretoria Executiva, Diretor Técnico, Diretor Executivo-Financeiro e Dirigente Máximo do serviço. Nessa etapa, o tempo de experiência das organizações sociais e dos atores, bem como a formação acadêmica, valem pontuação. Esse critério é apontado, inclusive, como a mais relevante diferença entre o edital de 2017 e 2023. “No primeiro edital, eles consideravam como tempo de gestão qualquer outra atividade de produção artística, não necessariamente como OS. Porém, nesse edital, eles passaram a avaliar como trabalho específico da OS. A ATCA só tem seis anos, enquanto a OS do Neojiba [IDSM] tem 15”, afirma um músico da Osba, que preferiu não se identificar. Desclassificação da ATCA Na nota divulgada pela Secult-BA, foi informado que a Comissão Julgadora do edital, composta por cinco servidores do quadro permanente do órgão contratante, chegou ao parecer final de que a Associação dos Amigos do Teatro Castro Alves (ATCA) não atingiu a nota técnica mínima apta para chegar à fase seguinte do processo de seleção, sendo, portanto, desclassificada. Segundo a pasta, em resposta à reportagem, o critério do edital exigia que, para a comprovação da capacidade técnica da entidade, a organização apresentasse atestados emitidos por pessoa jurídica com o intuito de demonstrar a experiência da gestão ou execução de serviços de gestão do serviço de produção e divulgação da música de concerto. Conforme informou a Secult-BA, a ATCA enviou um atestado, situando-se na faixa de cinco a sete anos de experiência, o que gerou uma pontuação de quatro pontos. “Com a soma das demais pontuações dentro desse critério, a organização conseguiu 16,6 pontos, sendo que o mínimo obrigatório previsto no edital é de 20 pontos. Por isso, a desclassificação”, justifica. Segundo apuração da reportagem, a ATCA perdeu pontos não só na experiência na gestão ou execução do serviço, como também no tempo de experiência profissional em gestão dos diretores. O orçamento proposto pelo IDSM também ficou abaixo do estimado pelo ATCA, o que gerou uma pontuação mais favorável ao instituto. Ainda em fase de interposição de recursos, válido por cinco dias úteis a partir da decisão, a ATCA não respondeu ao CORREIO se irá recorrer, mas salientou que confia no processo seletivo. “O processo do edital não terminou, ainda há outras fases. Vamos analisar a situação. Confiamos na imparcialidade dos órgãos que conduzem o processo”, disse em nota.

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