O governo de Israel anunciou, nesta sexta-feira (20/10), uma série de regulamentos de emergência que visam fechar emissoras internacionais no país durante a guerra com o Hamas alegando que algumas coberturas “prejudicam a segurança nacional”. A entrada em vigor das regras ainda depende de procedimentos burocráticos.
“Israel está em guerra em terra, no ar, no mar e na frente da diplomacia pública. Não permitiremos de forma alguma transmissões que prejudiquem a segurança do Estado”, disse o ministro das Comunicações israelense, Shlomo Karhi, em nota.
A censura de canais estrangeiros no país coincide com o momento em que o governo de Benjamin Netanyahu é criticado por parte da mídia, principalmente a árabe, por sua atuação na Faixa de Gaza. Recentemente, o Israel foi alvo de uma disputa de narrativas com grupos palestinos após o bombardeio do hospital Ahli Arab, no norte de Gaza.
Após o ataque, Israel alegou que a Jihad Islâmica teria sido o responsável pelo lançamento do míssil. Contudo, o argumento israelense foi refutado não só pelo grupo, como também pela Al Jazeera, que trouxe supostas provas de que o disparo foi feito por forças israelenses.
No comunicado divulgado nesta manhã, a emissora financiada pelo governo do Catar é a única citada, dando a entender ser o principal alvo do governo de Israel.
“As transmissões e reportagens do canal Al Jazeera constituem um incitamento contra Israel, servido ao Hamas e Daesh (Estado Islâmico) e às organizações terroristas na propaganda e encorajando a violência contra Israel, prejudicando assim a segurança do Estado”, disse o ministro.
A medida de banimento ainda precisa da aprovação do Ministro da Defesa, Yoav Gallant, e do Gabinete de Segurança, o que deve acontecer segundo o ministro das Comunicações israelense.
Cobertura perigosa O governo de Israel é bastante criticado pro sua atuação contra jornalistas que cobrem os conflitos no contexto da atuação israelense na Palestina. Um casos mais emblemáticos aconteceu em maio do ano passado, após a correspondente da Al Jazeera Shireen Abu Akleh ser morta com um tiro na cabeça em Jenin, na Cisjordânia ocupada, mesmo identificada como profissional da imprensa.
Na época, Israel negou que o disparo teria partido de seus soldados, mesmo com diversos jornalistas presentes no local afirmando que no momento do assassinato não havia um combate com palestinos.
Desde o último dia 7 de outubro, quando a guerra entre Israel e Hamas teve início, 21 profissionais de imprensa já morreram e outros oito ficaram feridos, segundo o Comitê de Proteção a Jornalista (CPJ). Deste número, 17 eram jornalistas palestinos, 3 israelenses e 1 libanês. Segundo inf0rmações do comitê, a maioria das mortes acontece após ataques israelenses.